A amplitude e gravidade deste fenómeno justifica que seja o tema de fundo das contribuições para a mais recente edição da revista trimestral da APM. Victoria Prego aborda-o pelo lado da sua relação com o jornalismo e a democracia. 

A mentira, “transformada em verdade por obra e graça da sua repetição infinita”, põe um problema da máxima importância ao exercício de um jornalismo responsável, cujo eixo é a busca e controlo da autenticidade daquilo que é publicado. O problema é que o jornalista “é uma gota infinitesimal no oceano de informações que se cruzam a cada minuto no Facebook, Google e outras plataformas, as quais, até há pouco, consideravam que não tinham qualquer responsabilidade no crescimento imparável dessa ‘pós-verdade’ que inunda o mundo”. (…) 

Victoria Prego acrescenta a informação, já conhecida, de que o próprio Mark Zuckerberg (Facebook) foi forçado a retractar-se desta negação e a “responsabilizar-se pelos efeitos muito nocivos que a ‘pós-verdade’ maciça está a produzir, sobretudo nas sociedades democráticas”. (…) 

Esta vaga “altera a percepção, por parte dos cidadãos, dos problemas e das circunstâncias políticas que os rodeiam e os afectam”. Por este caminho, pode influir nas próprias intenções de voto dos eleitores e alterar “a ordem política de um país e mesmo os equilíbrios internacionais”.

 

O texto da Carta aos Leitores de Victoria Prego, na íntegra, no site da APM