O jornalismo continua a ser uma profissão perigosa
O Malawi é considerado um país parcialmente livre. Segundo a avaliação da Freedom House – ONG que promove os direitos humanos e monitoriza violações à liberdade de expressão –, apesar de haver eleições regulares no país, a corrupção é endémica, assim como a brutalidade e arbitrariedade policiais.
A 8 de Janeiro, três jornalistas malawianos foram presos no aeroporto de Lilongwe quando tentavam entrevistar uma delegação da União Europeia.
Golden Matonga, um dos repórteres detidos, explica que a chegada da delegação coincidia com um julgamento constitucional das eleições presidenciais do Malawi. A equipa de segurança da União Europeia e a polícia do aeroporto pediram-lhe as credenciais de imprensa. A equipa europeia não apresentou restrições à cobertura do evento, mas a polícia local impediu-o de reportar o acontecimento, alegando que o jornalista não dispunha das autorizações necessárias para o fazer. Os jornalistas foram acusados de conduta desordeira e vão ser julgados a 18 de Janeiro, podendo enfrentar, até, cinco anos de prisão.
Já na Serra Leoa, vários repórteres foram agredidos por cobrirem eventos respeitantes à política nacional.
A 4 de Janeiro, um jornalista foi vítima de maus tratos na sequência de uma tentativa de entrevista ao ministro Musa Bamba Fodey Jalloh. Na semana anterior, vários apoiantes de Jalloh ameaçaram dois outros repórteres, entregando-os, de seguida, à custódia policial. O político em causa nega ter chamado apoiantes ao local e reitera que os jornalistas foram detidos por não apresentarem as credenciais necessárias.
Na Serra Leoa a corrupção governamental é generalizada e o trabalho dos jornalistas dificultado pela ameaça de serem acusados de difamação. Desde 1997, registaram-se 17 mortes de jornalistas no país.
No início de 2020, a violência contra jornalistas não se cingiu, no entanto, apenas a África.
No Brasil, todos os anos, jornalistas que cobrem protestos no país são perseguidos e defrontam-se com problemas de obstrução e violência.
Para Natalie Southwick, coordenadora do CPJ Central and South America Program, em Nova York, "as autoridades brasileiras devem garantir que os agentes da polícia entendam o papel vital dos jornalistas que cobrem os protestos e parem de tratá-los como participantes ou alvos activos".