“No seu auge, o New York Daily News foi um dos títulos com mais cópias vendidas nos Estados Unidos, chegando aos 2,4 milhões em 1947, mas desde então os números minguaram. Quando foi comprado pelo valor simbólico de um dólar pelo grupo Tronc, em 2017, com todas as suas dívidas, a sua circulação descera para 200.000 exemplares.” (...) 

“Para além das suas manchetes chamativas, o New York Daily News notabilizou-se pela sua atitude combativa perante os maiores poderes da cidade, sendo Donald Trump um dos seus alvos preferenciais, mesmo antes de este se tornar o Presidente dos Estados Unidos da América.” 

“Estes cortes no jornal nova-iorquino vêm na senda no que tem sido a atuaçãoda Tronc. Sedeado em Chicago, este grupo editorial procedeu à diminuição da equipa do seu título principal, o The Chicago Tribune, em Março, fazendo o mesmo um mês depois com o Los Angeles Times, entretanto vendido ao empresário Patrick Soon-Shiong. 

Em The New York Times, a editorialista Mara Gay  - que já tinha trabalhado no New York Daily News -  escreve que “será terrível a perda para a cidade”: 

The News [fustigava] os políticos locais, lobbyists e interesses instalados, desde mayors caprichosos até Donald Trump. Empreiteiros sem escrúpulos e políticos corruptos podem respirar de alívio. Os pobres, os trabalhadores, as minorias raciais, vão perder uma voz poderosa e eficiente. A cidade será menos viva e menos democrática, e os seus políticos menos responsabilizados perante as pessoas que servem.” (...) 

“Todd Maisel, que perdeu agora o emprego, com todo o sector de fotografia, fazia parte da equipa de reportagem do NYDN que fez a cobertura do ataque terrorista do 11 de Setembro de 2001. David Handschuh, outro fotografo, ficou ferido nesse dia; este já tinha sido despedido há vários anos, noutra ronda de cortes. A cobertura feita pelo jornal continuou durante muito tempo depois do ataque, incluindo uma campanha para socorrer trabalhadores dos serviços de urgência, que ficaram doentes [por terem estado] no 11 de Setembro.” (...) 

“Cortes dolorosos tornaram-se a nova normalidade no jornalismo, uma indústria que tem lutado para encontrar um modelo de negócio sustentável no meio das grandes mudanças no modo como os americanos consomem noticiário. Mas, mesmo neste contexto, os cortes no NYDN são demasiado pesados de suportar. Deviam tocar sinos de alarme junto de qualquer pessoa que se preocupe com o futuro da cidade de Nova Iorque.”

 

Mais informação no texto citado, em sapo.24,  em The New York Times  e na Columbia Journalism Review