Morreu o jornalista e escritor Baptista-Bastos

Começou no jornalismo muito jovem, no Século e depois no Século Ilustrado, de que foi chefe de redacção com 19 anos. Foi despedido em 1960, em consequência do seu envolvimento na “revolta da Sé”, do ano anterior. Seguiu-se um período de “clandestinidade como jornalista”, conforme o Observador, que aqui citamos:
“Sob o pseudónimo de Manuel Trindade, redigiu noticiários na RTP e colaborou em diversos documentários, destacando-se 'Este Século em que Vivemos', realizado por Fernando Lopes, ou ‘O Forcado’, da autoria de Augusto Cabrita. Meio ano depois, acabaria também despedido da RTP, então por vontade de Moreira Baptista, secretário nacional da Informação. Em ofício, a descrição que Moreira Baptista faz de Baptista Bastos é clara do incómodo que este causava: ‘Esse senhor é um contumaz adversário do regime’.”
A sua passagem por muitas redacções foi quase sempre curta. “Não o foi no Diário Popular, onde trabalhou vinte e três anos, de 1965 até 1988, tendo as suas reportagens, crónicas ou, sobretudo, entrevistas, como descreveu certo dia o também jornalista Adelino Gomes, ‘um estilo inconfundível’.”
Foi também cronista, até Março deste ano de 2017, no Jornal de Negócios e no Correio da Manhã.
Segundo o Público, conheceu, ao longo da vida, “as mais diversas redacções e os mais variados órgãos de comunicação, de diários a semanários, revistas, televisões e rádios, percorrendo os mais diversos títulos: O Século, O Século Ilustrado, Diário Popular, República, O Diário, semanário O Ponto, de que foi um dos fundadores, Jornal de Notícias, Sábado, Expresso, Agência France Presse, Diário de Notícias, Diário Económico, Jornal de Negócios, Correio da Manhã, revista Almanaque, Sábado, A Bola, Jornal do Fundão, SIC e RTP, Rádio Comercial e Antena 1”.
Retomando a síntese do Observador:
“O livro que reúne textos jornalísticos seus, ‘As Palavras dos Outros’ (1969), assim como os romances ‘Cão Velho entre Flores’ (1974) e ‘Viagem de um Pai e de um Filho pelas ruas da Amargura’ (1981), são consideradas as suas obras-primas. ‘Cão Velho entre Flores’ foi mesmo indicado como leitura obrigatória no Curso de Literatura Portuguesa Contemporânea da Sorbonne.”
“Ao longo da vida, como escritor ou jornalista, Armando Baptista-Bastos recebeu diversos prémios, destacando-se o Prémio P.E.N. Clube Português de Novelística (1988), o Prémio da Crítica da Associação Portuguesa de Críticos Literários (2002) e o Prémio Clube Literário do Porto (2006).”
Mais informação no Observador e no Público