Os resultados do estudo revelam uma grande diferença entre a informação publicada nos seus sites pelos grupos cotados e os não cotados [em bolsa], “em parte por diferentes exigências legais, dado que os grupos cotados estão legalmente obrigados a informar sobre uma diversidade de aspectos, enquanto para os não cotados isso é de carácter voluntário”  - como sublinha Martín Cavanna, um dos dois co-autores. 

Mas mesmo que seja assim com as empresas não cotadas, isto “não pode servir para justificar a extrema opacidade que demonstram em tudo o que se refere às suas políticas e práticas”  - adverte o relatório. 

Nanhum dos dezasseis grupos analizados consegue uma pontuação superior a quatro pontos, e mais de metade tiveram zero pontos: Cope, El Punt Avui, Intereconomía, Planeta, Prensa Ibérica, Diari de Tarragona, Segre, El Confidencial, El Español y La Voz de Galicia

Sobre o financiamento das empresas, Elena Herrero-Beaumont, co-autora do trabalho, sublinhou que os media não costumam divulgar informação sobre as receitas de publicidade. “Nenhum especifica a percentagem de receita que representa um anunciante concreto”  - explica. Alguns fazem-no de forma parcial, quando se trata de publicidade institucional. 

Mas só 20% das empresas cotadas cumprem de forma parcial, destacando-se a Atresmedia e, entre as não cotadas, eldiario.es, “a única empresa que identifica as bolsas e subsídios que recebem para projectos pontuais, mas não de maneira total e íntegra, porque não sabemos de quem as recebem, e a quantia ou a percentagem que representam sobre as receitas totais”.  

Sobre os conteúdos patrocinados, Elena Herrero-Beaumont diz que se estão a tornar “os novos anúncios”, ou a nova maneira de fazer publicidade nos meios de comunicação, sendo necessário criar directivas sobre esta matéria: 

“Não publicar uma política de branded content  parece-nos arriscado, porque os leitores não sabem bem o que estão a consumir e os jornalistas podem ver-se obrigados a desenvolver conteúdos editoriais por exigência do próprio anunciante.”

O relatório inclui, no final, dez recomendações concretas sobre boas práticas a seguir para que as empresas possam fortalecer a sua credibilidade e independência editorial.

 

O texto aqui citado, na íntegra na Asociación de la Prensa de Madrid.
O relatório da Fundación Compromiso y Transparencia.