A informação divulgada pelos RSF, no respectivo site, conta que este fotojornalista independente “foi interpelado a 20 de Março, na fronteira com o Senegal, de onde partia o seu voo de regresso a Marrocos. Transferido no mesmo dia para a sede da polícia na capital, Nouakchott, ficou em detenção, sendo-lhe apreendidos o o computador e o telemóvel”. 

“Foi interrogado durante três dias, nomeadamente sobre as suas ligações a Biram Dah Abeid, ex-candidato às presidenciais e figura do movimento anti-esclavagista na Mauritânia, entrevistado no decurso da reportagem. O fotojornalista decidiu inciar uma greve de fome, antes de ser expulso no dia 24.” 

As autoridades suspeitaram dele, primeiro, “por terrorismo, e depois por activismo pela causa dos descendentes de escravos”.

“A detenção e expulsão deste jornalista demonstram mais uma vez o tabu e a censura que rodeiam a questão da escravatura na Mauritânia”  - denuncia Arnaud Froger, responsável pelo departamento África nos RSF. 

“Ésta é a segunda vez, no espaço de um ano, que é expulso um repórter que investigava sobre o tema. A Mauritânia não conseguirá pôr fim à prática ilegal da escravatura impedindo os jornalistas de se interessarem por ela.” (...) 

“Em Abril de 2017, Tiphaine Gosse, uma jornalista independente francesa que investigava sobre a escravatura na Mauritânia, fora também intimada a deixar o território, sob pena de ficar na prisão.” 

Vários cartões de memória, com as fotos recolhidas por Seif Kousmane, foram confiscados pelas autoridades da Mauritânia, mas o jornalista, que pôde recuperar o computador e a máquina fotográfica, disse que tem elementos suficientes para estar em condições de publicar proximamente a sua reportagem. 

Segundo um relatório muito recente da Amnistia Internacional, “apesar de uma nova lei que agrava a pena pelo crime de escravatura, de dez para vinte anos de prisão, promulgada em 2015, cerca de 43 mil pessoas (um por cento da população da Mauritânia) continuam a ser vítimas desta condição”.

 

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