Mais um jornal condenado pede socorro no meio do naufrágio
O motivo oficial anunciado é o do costume, a quebra nas receitas da publicidade. Mas Ross Barkan, num comentário em The Guardian, vai mais directo ao assunto:
“O jornalismo está hoje a morrer porque ninguém ainda conseguiu descobrir como pode ser financiado num sistema capitalista do tipo ‘quem ganha fica com tudo’.” (…)
E recorda os números conhecidos:
“Nos últimos 15 anos, mais de metade dos empregos na indústria da Informação desapareceram, segundo um relatório do Bureau of Labour Statistics dos Estados Unidos, publicado em Abril. Em Janeiro de 2001, empregava 411.800 pessoas. Em Setembro de 2016, este número tinha caído para 173.709. Houve crescimento nos meios noticiosos online, ao longo da década, mas não foi suficiente para compensar todos os empregos perdidos nos jornais. A maioria desses websites estão concentrados em meia dúzia de grandes cidades, o que é fraco consolo para as cidades pequenas e as regiões mais modestas, que são as mais atingidas pelo colapso.”
Ross Barkan afirma que “as preocupações financeiras colocam à indústria da Informação uma ameaça muito maior do que tudo aquilo que Trump diga ou faça”. Não poupa críticas aos “nihilistas Trumpianos”, pelo modo como denigrem a profissão do jornalismo na sua totalidade. Mas acrescenta:
“A tragédia é que isto seria muito mais difícil de conseguir se os maiores adeptos de Trump, espalhados pelos vários subúrbios e ex-urbes e cidades deprimidas por todo o país encontrassem regularmente jornais locais vibrantes, reconhecendo o papel construtivo que podem ter.”
A concluir, a sua esperança de “um modelo económico que funcione” passa por um misto de empresa não-lucrativa ou baseada nos seus próprios membros (como a ProPublica ou o jornal holandês De Correspondent) “ou pela necessidade, a longo prazo, de que o governo comece a tratar as empresas noticiosas como um bem público, subsidiando parcialmente as suas necessidades limite, ou providenciando outras salvaguardas para as manter vivas".
O artigo citado, em The Guardian, e mais informação sobre o City Paper