Lusa lança site sobre “fake news”
De acordo com o Diário de Notícias, a directora de Informação da Lusa, Luísa Meireles, alerta para a necessidade do debate, referindo que “as fake news são um mundo" e, por isso, "a Lusa e a EFE, decidiram organizar uma conferência" sobre o tema.
Luísa Meireles acrescentou ainda que “achámos que num ano eleitoral, em que líderes europeus e portugueses alertam para a possibilidade de haver notícias falsamente verdadeiras,” será uma boa altura para promover este debate. A conferência "é bastante importante" e "penso que terá algum eco".
"O mundo está em constante mudança, está em constante evolução" - diz ainda Luísa Meireles - e as redes sociais são boas e más, por isso "acho que deve haver a maior vigilância e nós, jornalistas, estamos na primeira linha desse combate porque somos alvos e vítimas".
Como refere o mesmo jornal, "hoje é frequente ouvir-se as pessoas dizerem 'não, não, é verdade, porque eu ouvi na net', que é uma coisa muito difícil de desmontar. As pessoas acreditam piamente naquilo, não percebendo que ler na 'net' no site da TSF ou ler na 'net' num 'post' de Facebook são realidades completamente diferentes", realça Arsénio Reis, diretor da rádio TSF. "O grande problema é que, de facto, as pessoas não têm capacidade, ainda, para as distinguir", lamenta, assinalando a "iliteracia" mediática dos cidadãos.
"As pessoas hoje confundem, de alguma forma, aquilo que é a produção de trabalho jornalístico com algumas das informações que circulam livremente, e sem cumprirem qualquer critério jornalístico, no mundo 'online', em particular nas redes sociais, como sabemos, mas também nalguns sites, e em alguns deliberadamente", aponta Arsénio Reis. As "notícias mentirosas" são "perigosas", porque "põem todos os dias em causa" o trabalho dos jornalistas e das empresas de informação, reconhece.
O jornalismo tem de explicar-se, as fake news nunca o farão
Porém, importa assinalar que todos cometemos erros, incluindo os jornalistas. "Mas uma coisa é o erro jornalístico e outra coisa é uma mentira ou uma 'fake news'", distingue. No primeiro caso, quem "for atingido ou lesado" pelo erro jornalístico tem ao seu dispor instrumentos para se defender, como direito de resposta, entidades reguladoras, tribunais. A ameaça maior é para a democracia.
Ricardo Costa, diretor-geral de Informação da Impresa, considera que "a principal ameaça das 'fake news' é mais para democracia do que para os media".
"Quem consome informação e, sobretudo, através das redes sociais, porque hoje em dia as pessoas consomem informação de forma desagregada, leem coisas que não sabem exactamente quem as escreveu, sob que título é que foram publicadas, nem sequer onde é que as leram" coloca "todas as notícias ao mesmo nível", salientou o jornalista, e "esse é o principal problema".