Jornalista que denunciava corrupção assassinada em Malta
De acordo com a Imprensa local, Daphne Caruana tinha feito uma participação à polícia, duas semanas antes do atentado, declarando que estava a receber ameaças de morte. Segundo Le Monde, o seu filho, que trabalha para o consórcio ICIJ, de que este jornal faz parte, estava presente na residência familiar no momento da explosão.
O seu blog em inglês, Running Commentary, tinha frequentemente mais leitores do que todos os jornais de Malta reunidos, e o site americano Politico descreveu-a uma vez como sendo uma Wikileaks “numa mulher só”. Segundo The Guardian, os textos que lá punha “eram um espinho cravado tanto no establishment como nas figuras do submundo que se tinham instalado no mais pequeno Estado membro da Europa”.
Em conferência de imprensa, o primeiro-ministro admitiu que a jornalista era uma crítica ferrenha do seu governo, “tanto politicamente como pessoalmente”, acrescentando que “ninguém pode justificar um acto bárbaro como esse”.
Muscat pediu todos os esforços possíveis para que os autores do crime sejam levados à Justiça. “O que aconteceu é inaceitável a vários níveis. É um dia triste para a nossa democracia e liberdade de expressão”, afirmou. “Não vou descansar até ver justiça feita neste caso.”
Ainda segundo Le Monde, “com 53 anos, esta mulher, corajosa mas polémica, tinha recentemente feito mais inimigos no partido de oposição, que no entanto ela apoiara nas eleições legislativas em Maio”:
“Ela tinha, nomeadamente, publicado vários artigos, em Agosto, sobre o novo dirigente desta formação, Adrian Delia, que acusava de ter uma conta em Jersey, alimentada, segundo afirmou, por dinheiro da prostituição em Londres. Artigos esses que lhe valeram novos processos por difamação, que ela coleccionava tanto como as ameaças de morte, recorrentes numa ilha tão pequena e dividida como Malta.”
Adrian Delia afirmou, depois do atentado, que este foi “um assassinato político” e “uma consequência directa do afundamento total do Estado de Direito no país”.
Mais informação em Le Monde e The Guardian