Como é próprio do tema, o que aconteceu foi transmitido em directo, e o site do Simpósio permite assistir em diferido, escolhendo entre o inglês e o espanhol, ao vídeo das nove horas de trabalho de cada um destes dois dias. Outro link oferece-nos uma síntese das intervenções de cada autor.  

O primeiro dia abriu com Kinsey Wilson, do The New York Times, que recentemente anunciou um plano de expansão global, em várias línguas. Não foi disso que falou no Simpósio, mas sim dos telemóveis como novo meio de comunicação de notícias, da importância crescente das grandes plataformas e do crescimento do jornalismo visual, combinando texto, vídeos, gráficos e dados. Kinsey Wilson admite que, dentro de dois anos, 50% do jornalismo do NYT será deste tipo.  

A respeito das grandes plataformas de distribuição, como o Facebook e a Google, David Skok, do The Boston Globe, explicou que o problema é que elas procuram o alcance e tempo de atenção dos utentes, enquanto os jornalistas procuram que o seu trabalho tenha impacto. “Estes dois objectivos nem sempre são compatíveis” e, enquanto elas lutam entre si, “os jornalistas ficam sob fogo cruzado”.  

Destas questões, e da relação entre os meios e a publicidade, passou-se, noutras intervenções, para a da qualidade do jornalismo que procura afirmar-se, mesmo em ambiente pouco favorável. Discutiu-se, por exemplo, a diferença entre uma atitude mais jornalística e uma mais activista sobre as matérias tratadas. 

 

Daniela Gerson, de Los Angeles Times, disse que o jornalista começa o seu trabalho com uma pergunta; o activista começa com um ponto de vista.  

O dia seguinte começou com Yoani Sánchez, fundadora do diário 14ymedio, que falou do jornalismo em Cuba e, neste contexto, da sua falta de meios digitais (apenas 5% da população tem acesso à Internet). “Vivemos na ilha dos desconectados”  – disse.

A distribuição é feita por meio de pen-drives USB, onde é carregado um resumo, em PDF, do mais importante da semana. O SMS é usado para enviar notas para os telemóveis dos leitores.  

Ao longo do dia, estiveram presentes as tentativas de vários meios, incluindo o The New York Times, para desenvolver serviços interactivos personalizados, em que o jornal responde a necessidades concretas dos leitores. Curiosamente, já Yoani Sánchez, de Cuba,  tinha contado que o seu jornal criou um serviço para informar os seus leitores do preço a que estão produtos alimentares, por exemplo.  

Falou-se, também, dos comentários dos leitores e da necessidade de instrumentos de moderação nos websites.

 

Na parte de tarde, tiveram lugar as intervenções sobre experiências noutros países, como a Bielorússia, o Quénia, El Salvador, Sudão, Rússia.

 

Discutiu-se, por fim, a realidade virtual, a sua utilização e o modo como as ferramentas a tornam acessível.  

A escolha entre as matérias aqui sintetizadas será sempre difícil e, infelizmente, escolher é rejeitar o que não fica. Vale a pena, por este motivo, consultar a síntese, deixada por quem lá esteve, intitulada “O que aprendemos no ISOJ: 12 ideias para sobreviver ao tsunami do jornalismo de 2016”.

site do Simpósio e a súmula, por ordem cronológica inversa, das intervenções.