Jornal espanhol aumenta audiências sem cobrir o futebol…
Segundo um texto na International Journalists’ Network, que aqui citamos, “num país como a Espanha, onde o futebol é tão sagrado como ir à igreja, decidir não fazer a sua cobertura pode ser visto como sacrilégio”.
Entrevistada para a IJNet, Virginia Alonso explica:
“Nós decidimos não cobrir os desportos do modo como o resto dos meios noticiosos generalistas fazem. (...) Não cobrimos o futebol ou qualquer outro desporto. O Público só cobre [notícias de] desportos quando se ajustam ao seu foco editorial, ou quando acontece uma coisa altamente relevante, como o caso de um atleta espanhol que vence um campeonato internacional.” (...)
Esta eliminação da secção desportiva fez parte de uma estratégia mais vasta, “de se desfazer de reportagens que não atraíam grandes audiências e consumiam muito tempo a produzir”.
Virginia Alonso conta que quando começou no Público encontrou uma equipa muito pequena, “em que toda a gente fazia um boacadinho de tudo”. O problema, como diz, “é que quando toda a gente olha para todo o lado, dispersa-se atenção e fica-se com a sensação que aquilo que fazemos nunca chega”. (...)
Partiu-se desta constatação para um esforço de “estreitar o foco” dos interesses admitidos e definidos como as grandes áreas de cobertura do jornal. São designados as “bandeiras” do Público.
“E tornámo-las públicas” – explica. “Publicámos um artigo em que dizíamos - são estas as nossas bandeiras, e é em torno delas que vai andar a nossa informação.”
Essas áreas temáticas cobrem temas como igualdade e feminismo, ambiente, dinheiros públicos, pessoas vulneráveis, direitos individuais, política e jornalismo de investigação, entre outros. Foi feita também uma ligação às redes sociais e adoptada uma ferramenta de transparência do jornalismo.
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