Governo polaco endurece contra Imprensa “rebelde”

O jornal tem publicado material sobre o plano de Jaroslaw Kaczynski, de fazer construir um edifício de 190 metros de altura em terreno que lhe terá sido dado por aliados políticos.
A obra seria adjudicada a uma empresa (Srebrna) com ligações muito próximas ao partido Lei e Justiça, com o apoio de uma linha de crédito concedida por um banco recentemente colocado sob controlo estatal.
Em declarações ao International Press Institute, a Gazeta Wyborcza garante que os seus artigos são “baseados em factos sólidos e provas documentais”.
Segundo o texto do IPI, que aqui citamos, o Artigo 212 do Código Penal polaco já foi objecto de várias tentativas de revisão, por impulso de media polacos e grupos da sociedade civil. Numa entrevista dada ao IPI, em 2015, Irena Lipowicz, que ocupava então o cargo de Ombudsman na Polónia, disse sobre o mesmo:
“Mesmo sendo uma ameaça potencial, deve ser eliminado do Estado de direito democrático.” (...)
Segundo o jornalista polaco Adam Leszczynski, que trabalhou mais de vinte anos na Gazeta e continua a ser seu colunista, este jornal é, para muitos apoiantes do partido Lei e Justiça, a fonte de todo o mal: “divulga valores liberais ocidentais e defende vigorosamente instituições criadas por 25 anos de democracia, que Kaczynski considera ser um período vergonhoso na história da Polónia”.
“Os ministros de Kaczynski proibiram expressamente as instituições governamentais de terem anúncios no jornal e cancelaram assinaturas para os gabinetes do governo e os tribunais. Parece uma vingança mesquinha, mas, para a Lei e Justiça, foi um acto simbólico de justiça retardada por muito tempo: este jornal nunca receberá um tostão dos cofres do governo.” (...)
Mais informação no International Press Institute e nos RSF. Comentário do jornalista polaco Adam Leszczynski, da Gazeta Wyborcza, em The Guardian