Fusões de empresas editoriais espanholas não evitam a crise

Fernando de Yarza defendeu que “todos os grupos empresariais espanhóis de comunicação deviam ser capazes de juntar forças, porque creio que, na actual situação, o tamanho é fundamental”. Lamentou esta falta de unidade durante a crise financeira e a chegada da revolução digital:
“Não nos apercebemos do que vinha sobre nós, cometemos o pecado de soberba” - afirmou - “e tentámos remediar cortando despesas em pessoal”, quando, em sua opinião, era nesse momento que deviam unir-se e defrontar juntos o desafio que se apresentava.
Na referida palestra, esclareceu que “a nossa aposta na Vocento é a longo prazo” e que seria a partir dessa fusão que começaria a tomar forma o seu plano de concentração dos media espanhóis, para a qual convidou também o Grupo Prensa Ibérica (que tinha representantes na sala).
No seu artigo, Miguel Ormaetxea cumprimenta Fernando de Yarza como “um dos poucos empresários de media que adoptam atitudes inovadoras e positivas”, mas mostra-se pessimista quanto à situação actual, descrevendo-a como “desastrosa”.
Refere-se às perdas de 4,8 milhões de euros da Vocento, em 2017, com o seu título principal, ABC, com “números vermelhos” de 4,1 milhões, e os diários regionais do grupo em “retrocesso muito significativo de vendas e receita publicitária”.
Como afirma a seguir, “o primeiro grupo de media espanhol, a Prisa, parece ter entrado numa nova etapa, depois dos aumentos de capital e da saída de Juan Luis Cebrián”, mas “as perdas do ano passado são de 102 milhões de euros, o que significa um agravamento dos ‘números vermelhos’ do exercício anterior, quando se verificou um desequilíbrio de 67 milhões”. (...)
A concluir, declara:
“Os grandes editores espanhóis sofrem de um excesso de conservadorismo e encontram-se descapitalizados, quando a transição digital exige investimentos fortes e arriscados. Se observarmos o panorama internacional nos mercados avançados, podemos ver uma explosão de inovações de todo o tipo, tanto no digital como no papel. É aí, e nos imprescindíveis investimentos em tecnologia, que deviam concentrar-se os maltratados editores espanhóis.”
O artigo citado, em Media-tics, o texto da palestra e o vídeo do debate no Foro de la Nueva Comunicación