O investigador brasileiro, que dirige uma agência de análise de dados e tendências a partir das redes sociais, cita o caso recente da manifestação dos “coletes amarelos”, em Portugal, como um exemplo de que o “movimento offline é muito diferente do movimento online“.  

“Houve um fracasso offline”  — a promessa de uma grande manifestação falhou —  mas no “online aqueles assuntos foram colocados e as pessoas estão a discuti-los”  - explicou. 

Fenómeno semelhante aconteceu há alguns anos no Brasil, quando “não havia muita gente” nas manifestações convocadas via redes sociais contra o establishment. Mas “as pessoas já estavam seduzidas por aquelas ideias” e isso teve reflexo nas eleições presidenciais brasileiras de Outubro. Em Portugal, “é um fenómeno que começa a corroer os subterrâneos das redes e não vai demorar muito para subir à tona”. (...) 

“A transparência da informação ficou no século passado. Hoje, [nas redes sociais] qualquer tipo de informação pode concorrer com informação verificada, como a da Lusa.” (...) 

Segundo Sérgio Denicoli, no caso português, em comparação com o Brasil, há uma “população envelhecida” menos expostas às novas tecnologias da informação e o “agendamento da sociedade passa mais pelos jornais e televisões”, os media tradicionais.  

No entanto, ao contrário do Brasil, o índice de abstenção é muito grande e os jovens são os que menos votam.

“Este tipo de estímulos das redes sociais destina-se mais aos mais novos”  - alertou Sérgio Denicoli, admitindo que pode ser mais fácil em Portugal um voto de protesto dos eleitores jovens, o que pode alterar a distribuição tradicional dos votos. Os promotores de desinformação “sabem que os jovens são alvos preferenciais e estão a trabalhar isso”  - avisou.

 

Mais informação no Observador.

O mesmo tema foi tratado na Conferência sobre “Fake News e Democracia”, na Universidade Lusófona, de que aqui démos conta.