O Facebook está a receber dinheiro do governo chinês para promover artigos de desinformação sobre a situação dos muçulmanos uighurs, revelou uma análise do “site” “Press Gazette”.
Ou seja, além de permitir que empresas de “media” publiquem artigos que minimizam o tratamento de Pequim aos cidadãos daquela etnia religiosa, o Facebook está a receber parte das receitas publicitárias geradas por estes conteúdos.
Desta forma, os “media” chineses estão a fazer chegar informação falsa a milhões de utilizadores, num esforço para minimizar as preocupações da comunidade internacional, que chegou a classificar a situação como “genocídio”.
Alguns destes conteúdos desmentem, por exemplo, a existência de campos de trabalho forçado, afirmando que esta premissa é uma “teoria da conspiração” fabricada pelos meios de comunicação ocidentais.
Num artigo citado pela “Press Gazette”, os “media” chineses alegavam que “políticos e empresas de comunicação” se tinham alinhado para promover a “discussão pública e perverter a consciência" dos cidadãos, com “intenções malévolas”.
Esta não é, contudo, a primeira vez que o Facebook aceita promover propaganda do governo de Pequim. No ano passado, um estudo realizado nos Estados Unidos revelou, por exemplo, que a rede social havia permitido conteúdos que acusavam os uighurs de terrorismo islâmico.
A análise da “Press Gazette” apurou, entretanto, que os principais alvos desta estratégia de comunicação são os cidadãos de países asiáticos, como a Índia, Nepal, Myanmar e Indonésia.
Ainda assim, alguns destes artigos foram retirados do Facebook, por não estarem devidamente identificados como “conteúdo político”, o que viola as directrizes da rede social.
Recorde-se que, em 2019, um relatório do governo norte-americano estimou que Pequim tinha detido mais de um milhão de cidadãos -- Uighurs, de etnia Kazakhs, Hui, e membros de outros grupos muçulmanos, bem como alguns cristãos -- em "campos de reabilitação”.
De acordo com aquele estudo, Pequim estava a submeter estes indivíduos a “doutrinação política, tortura, abuso psicológico, físico e psicológico, incluindo esterilização forçada e abuso sexual, trabalhos forçados, e detenção prolongada sem julgamento por causa da sua religião e etnia".
Estas alegações foram, entretanto, ratificadas por outros governos internacionais, bem como por alguns “media”, como o “New York Times” e a BBC, que entrevistaram cidadãos que conseguiram fugir daqueles espaços.
Leia o artigo original em “Press Gazette”