Estudo da Reuters traça perfil dos jornalistas britânicos
O estudo agora realizado pelo Reuters Institute for the Study of Journalism parte de um inquérito a uma amostra de 700 dos cerca de 64 mil jornalistas profissionais no Reino Unido. O preâmbulo diz que as suas conclusões “são familiares mas ainda rígidas, como a incapacidade crónica de atingir níveis que fossem razoáveis de diversidade étnica no jornalismo” ou, apesar da chegada à profissão de um grande número de mulheres, elas “já estão em maioria entre as jovens jornalistas, mas continuam muito minoritárias nos postos seniores”.
O mesmo preâmbulo considera “particularmente fascinantes” as respostas sobre questões de ética: “Os jornalistas dizem que o seu comportamento é afectado, mais do que por qualquer outra coisa, por orientações éticas e códigos profissionais de conduta.” Mas também foi apurado, por exemplo, que 25% dos jornalistas acham que pode ser justificado, em certas ocasiões, publicar informação não-verificada.
De 2012 para cá, o número de jornalistas que trabalham em jornais caíu de 56% para 44%, enquanto a proporção dos trabalham online subiu de 26% para 52%. Calcula-se que há neste momento cerca de 30 mil jornalistas a trabalhar, a tempo inteiro ou parcial, nos meios online.
“As influências do digital significam também que os jornalistas dispõem de mais dados sobre a resposta da audiência ao seu trabalho, mas continua a ser pouco claro até que ponto se sentem pressionados a cair no isco do click, em vez de sentirem que podem usar esses dados para tomarem decisões melhores e mais independentes, sobre como prestar um serviço que essa audiência valorize.”
Outros números curiosos: 27% dos jornalistas britânicos acumulam com outro emprego pago, e apenas um pouco acima de metade (54%) trabalham exclusivamente num só órgão de informação; e 53% são jornalistas especializados, sobretudo nas áreas dos negócios, cultura, desporto e entretenimento; há poucos especializados em política, ciência ou religião.
Dos gráficos sobre a evolução do sentido de pertença religiosa, há um que salta à vista pelo contraste dos números em poucos anos. Comparando os dados deste estudo com os do Censo britânico de 2011, verifica-se que, nessa altura, 64,4% dos jornalistas consideravam-se cristãos, e agora apenas 31,6%; em 2011 consideravam-se sem religião 27,8%, e agora 61,1%.
É curioso que o representante de uma minoria religiosa significativa no Reino Unido, porta-voz do Conselho Hindu, tenha declarado:
“É encorajador notar que uma maioria dos jornalistas do Reino Unido diga que a religião ou a crença religiosa são de pouca importância nas suas vidas. O pluralismo religioso, incluindo o igual respeito pelos ateus, é chave para um futuro de paz e sucesso neste planeta. Proceder de modo correcto, isto é, fazer reportagem com rigor e reflectindo o quadro autêntico, sem poder nem preconceito, são os factores-chave importantes.”
Mais informação no estudo do Reuters Institute