Direcção de informação da TVI suspeita de censura
Naquela conversa, Sérgio Figueiredo descreveu a conduta jornalística que achava necessária em tempo de covid-19. “Jornalismo é informar, mas é, sobretudo, ter a noção do papel que desempenha na sociedade. Por isso também é filtrar, ter a noção do tempo e do modo como o nosso trabalho afecta a vida dos outros. Enquanto os incêndios não se apagam, não é hora de questionar os bombeiros”, escreveu o director de informação.
“Não ignoramos as falhas -- continuou -- mas estar a insistir nelas, estar, sobretudo, preocupado em denunciar o que não funciona, assusta as pessoas e afasta-as da antena, provoca rejeição. As televisões têm agora a preocupação de informar, de esclarecer, de ser pedagógicas, de perceber que as pessoas precisam, sobretudo, tranquilizar-se e confiar. Não basta termos a nossa verdade, as nossas certezas, se isso fragiliza ainda mais uma sociedade já frágil e desorientada perante o desconhecido”.
Na troca de mensagens, Sérgio Figueiredo reiterou, finalmente, que as investigações jornalísticas voltariam a ter espaço na TVI, assim que a pandemia acabasse.
Perante o Conselho de Redacção, os repórteres manifestarm-se, ainda, indignados com a posição adoptada por Sérgio Figueiredo, em tempos que precisam de escrutínio.
“A equipa de jornalistas que compunha o ‘Programa Ana Leal’ entende que o jornalismo em tempos de pandemia tem, efectivamente, um papel crucial em termos pedagógicos, mas não pode, de forma alguma, limitar-se a isso. O Jornalismo não está de quarentena. Vale a pena exemplificar com as situações com que fomos confrontados. Ao longo destas semanas, fomos recebendo centenas de e-mails a denunciarem casos de incumprimento das normas de higiene e segurança anti-covid-19, incluindo nos locais de trabalho”, afirmaram.
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