Desde o início da crise da indústria mediática, 1.800 jornais norte-americanos fecharam portas e 1.300 comunidades norte-americanas perderam a cobertura local. A situação depressiva levou a que muitas organizações vendessem as suas acções, na esperança de conseguirem recuperar algum investimento e sobreviver.
As operações de venda, envolvendo investidores alheios ao jornalismo, começaram a fazer-se sentir em alguns jornais de referência. David Jackson e Gary Marx, repórteres do “Chicago Tribune”, apelaram aos investidores da Alden Global Capital para libertarem o jornal da "destruição avarenta". De acordo com os jornalistas, a empresa comprou redacções em dificuldades, despojando-as de activos, a benefício dos investidores.
A Alden Global Capital é accionista de diversos grupos de imprensa e tem sido duramente criticada pelos cortes financeiros a várias organizações jornalísticas. Em 2019, adquiriu 32% da Tribune Publishing e tornou-se a maior accionista daquele jornal de Chicago.
Jackson e Marx consideram que o “Tribune”, que ganhou 27 prémios Pulitzer, sempre "teve um papel de destaque na imprensa nacional" e temem que esse protagonismo venha a mudar.
A Alden ficou conhecida, no meio, pelos cortes de orçamento e de recursos humanos. Desde 2010, ano em que foi adquirida a maioria das acções do “Denver Post”, o jornal perdeu 70 jornalistas.
“A Alden impôs cortes de pessoal que dizimaram o Denver Post e outros jornais, outrora orgulhosos, que foram vitais para as suas comunidades e para a democracia americana", escreveram Jackson e Marx num artigo para o “New York Times”.
Esses repórteres não foram os primeiros a criticar as iniciativas daquele Grupo. Em 2018, a colunista Margaret Sullivan fez notar que, na titularidade da Alden, a equipa editorial de um Grupo de imprensa, na Califórnia, manteve apenas 150 dos mil anteriores.