“Desinformação” é a nova palavra do ano

“A explosão recente de desinformação e o vocabulário crescente de que nos servimos para a compreender aparecem cada vez mais no trabalho nos nossos lexicógrafos” - afirma Jane Solomon, linguista no Dictionary.com. “Nos últimos anos temos estado a definir palavras e a actualizar termos relacionados com a evolução do entendimento de desinformação.” (...)
A empresa cita vários acontecimentos que contribuíram para a escolha de “desinformação” como palavra do ano. Entre eles figuram o continuado papel desempenhado pelo Facebook na divulgação de notícias enganosas, o crescimento da teoria de conspiração QAnon, os boatos espalhados pelo WhatsApp que levaram a motins violentos na Índia e a desinformação generalizada durante as eleições brasileiras.
O texto desenvolvido no site de Dictionary.com procura esclarecer a diferença entre o sentido das duas palavras, na língua inglesa:
O termo disinformation designa uma “informação deliberadamente enganosa ou tendenciosa, uma narrativa ou factos manipulados, e propaganda”. Assim, a diferença entre os dois termos tem a ver com a intenção.
“Quando as pessoas espalham misinformation, frequentemente acreditam na informação que estão a partilhar. Por contraste, a disinformation é espalhada com a intenção de enganar os outros. (...) Tudo depende de quem faz a partilha, e por que motivo.”
Para complicar as coisas, “se um político espalha estrategicamente informação que sabe ser falsa, na forma de artigos, fotos, ou outra, isso é disinformation. Mas quando um indivíduo a encontra, acredita nela e a partilha, está a fazer misinformation.” (...)
O texto que citamos, de Dictionary.com, recorda ainda que os que se dedicam a combater a desinformação expõem-se a ser atacados online:
Claire Ward, co-fundadora e directora do site de combate à desinformação First Dratf, contou à Columbia Journalism Review que os jornalistas que aí trabalham não assinam os seus tabalhos, por causa da ameaça de agressão online. “De cada vez que uma pessoa tenta dizer - ‘Isto não é verdade!’ - arranja uma quantidade de inimigos.” [haters, no original]
“Num mundo cheio de desinformação, é fácil recusar os factos que não confirmam os nossos próprios pontos de vista.”
O artigo original, no poynter.org, e a exposição em dictionary.com, que abre com um vídeo explicativo