Segundo fontes diplomáticas na Turquia, o gabinete de Imprensa do primeiro-ministro, Ahmet Davutoglu, indeferiu a renovação da carteira profissional de oito das cerca de duas dezenas de jornalistas alemães acreditados. Este assunto foi, aliás, objecto de discretas discussões entre a chanceler alemã, Angela Merkel, o Davutoglu, adiantam as mesmas fontes.

A Der Spiegel defendeu o desempenho do seu repórter, nos seguintes termos:

«Em muitos artigos, ele trouxe um esclarecimento, de forma equilibrada mas crítica, sobre os abusos e erros do governo, como faria qualquer bom jornalista. (…)  O comportamento das autoridades turcas só pode conduzir-nos a uma conclusão, a de que o nosso correspondente é indesejável por motivo do seu trabalho no terreno.»

 

A expulsão do correpondente daquela revista alemã de referência ocorre quando a chanceler alemã multiplica os esforços para convencer os seus parceiros europeus a assinar um controverso acordo com a Turquia, para travar o afluxo de centenas de milhares de migrantes à Europa.

 

Ora, os negociadores deste plano, na cimeira em Bruxelas, temem que a União Europeia se submeta a uma chantagem de Ankara e feche os olhos às derivas do regime do Presidente Recep Tayyip Erdogan.

 

Angela Merkel, considerada a arquitecta do mesmo plano, declarou, no entanto, perante os deputados alemães, que a Europa não cederia em matéria fundamental dos seus valores. «É ponto assente que, perante a Turquia, temos de manter as nossas convicções sobre a protecção da liberdade de Imprensa ou o tratamento dos Curdos»  -  disse.

 

 

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