O Presidente Marcelo Rebelo de Sousa lembrou que este é o terceiro ciclo que junta no Palácio de Belém jovens e profissionais de diversas áreas. Primeiro foram os escritores, depois os cientistas, agora os jornalistas e a seguir virão os artistas plásticos  - anunciou. “Daqui até ao fim do mandato há tempo para mais uns ciclos”.  

Segundo o Público, que aqui citamos, José Alberto Carvalho começou com um conselho e um alerta:

“Não façam planos. Vocês devem estar permanentemente atentos nesta época de profunda mudança em que não há GPS para nos dizer o caminho certo para praticamente nada na vida”. O futuro, disse, não está à nossa frente, porque não sabemos o que está à nossa frente. E pôs-se a andar de costas em direcção ao ponto que antes estava à sua frente  - o tal futuro: “Estamos a construí-lo ao mesmo tempo que estamos a percorrê-lo”. (...) 

Mais adiante, referiu que, hoje, mais de 80% dos portugueses paga para ter televisão em casa, mas as audiências dos telejornais caíram a pique. “A SIC chegou a ter jornais com 3,5 milhões de telespectadores e hoje é raro um telejornal ter mais de um milhão”, disse. 

O que acontece  - afirmou, sempre em diálogo com a jovem plateia -  “é que cada um ocupa o tempo como quer”, na televisão ou no telemóvel, mas “raramente cruzamos informações com os outros” e isto “é uma das maiores ameaças à democracia”.

“Passamos o tempo a divertirmo-nos e não a informarmo-nos”, acrescentou depois, em resposta a uma aluna. (...) 

Sobre a crise do modelo económico de sustento dos meios de comunicação, perguntou: 

“Porque é que as notícias não hão-de ser pagas? Não pode haver jornalismo livre se não houver financiamento transparente e livre, não pode haver jornalismo de qualidade sem ser pago”. O problema é que “nunca precisamos tanto de jornalismo como agora”, sublinhou. 

À pergunta feita pelo Presidente da República, sobre quais foram o melhor e o pior momentos da sua carreira, José Alberto Carvalho respondeu que foram ambos em Timor-Leste: o melhor no dia da independência, e o pior na altura do referendo, quando ele e outros jornalistas foram agredidos e detidos durante 16 horas, sendo finalmente libertados graças aos esforços diplomáticos de Portugal e à pressão dos timorenses que se juntaram à porta do quartel.

 

O ciclo “Jornalistas no Palácio de Belém” vai prosseguir, com uma sessão semanal, até meados de Dezembro, incluindo nove convidados da comunicação social televisiva, radiofónica e escrita, e estudantes de todo o país.

 

Mais informação no Público  e em 24.sapo.pt