Quando a Al-Jazeera em língua árabe nasceu, em 1996, “a maior parte dos media na região eram estatais e frequentemente porta-vozes incontestados dos diversos dirigentes e governos”.

A carta aberta, que aqui citamos, afirma que a nova estação apresentou-se como “uma voz verdadeiramente independente, com a missão de escutar e relatar as histórias humanas que eram de outro modo ignoradas; de cobrir os acontecimentos com equilíbrio e integridade; e de chamar os poderes à responsabilidade”.

Dez anos depois, em 2006, juntou-se a ela o serviço em língua inglesa, com a mesma missão. Segundo o texto citado, a Al-Jazeera em língua árabe tornou-se o canal mais visto em todo o mundo árabe na sua história, tendo hoje mais espectadores “do que o total combinado dos nossos maiores concorrentes”. 

Por seu lado, o serviço em língua inglesa “é visto em mais de 130 países por todo o mundo, por dezenas de milhões de pessoas que respeitam o nosso jornalismo”. A estação reivindica o número de mais de 3.000 trabalhadores, “que são dos mais talentosos e diversos no mundo”, e delegações em mais de 70 lugares, incluindo a sede na cidade de Doha e centros de emissão em Londres e Washington, “com jornalistas cuja coragem e ética de trabalho são inabaláveis”. 

Sobre as críticas que lhe têm sido feitas, a carta aberta responde:

“Fomos acusados de parcialidade, de provocarmos a Primavera Árabe, de termos um programa e de favorecermos um lado contra o outro. Rejeitamos estas alegações, e as nossas emissões são testemunho da nossa integridade.” (...) 

“Fomos acusados de tendenciosismo, porque a Al-Jazeera em árabe foi o primeiro canal árabe a convidar políticos e comentadores de Israel. Mas o que fizémos foi garantir que escutávamos e interpelávamos todas as vozes relevantes na busca de um bom jornalismo.” 

“Fomos acusados de extremismo quando entrevistámos membros dos Taliban, mas a verdade é que estávamos a pôr as perguntas difíceis e a garantir que interpelávamos todos os lados da história.” (...) 

“Os membros da Al-Jazeera foram ameaçados, presos e mortos em consequência do cumprimento do seu dever como jornalistas. Os nossos colegas no Iraque, na Síria e noutros locais pagaram o preço derradeiro enquanto faziam o seu trabalho.” (...) 

“Também fizémos reportagem sobre temas críticos e talvez embaraçosos no Qatar, quando eles surgiram, incluindo o sofrimento dos trabalhadores nos estaleiros de construção e acusações de violação de direitos.” (...) 

A carta aberta termina afirmando que a Al-Jazeera continuará “a fazer o seu trabalho com integridade” e a ser “corajosa na busca da verdade”. 

 

O texto que citámos, na íntegra, na Al-Jazeera