“O que acho extraordinário”  - diz Francisco Pedro Balsemão -  “é que haja este silêncio ensurdecedor por parte dos decisores políticos em relação a uma operação com esta dimensão. (...) A própria Anacom, quando fez o seu parecer, disse, e bem, que se isto avançasse o jogo estaria viciado, porque a nova entidade, dada a sua dimensão, teria a capacidade e o incentivo para prejudicar os concorrentes.” (...) 

“Diz-se muito que, cada vez mais, é preciso criar grupos de media fortes, estou de acordo com isto, mas não se pode é criar um grupo de media forte em Portugal que esmague todos os outros, sem qualquer tipo de mérito que não o das armas e ferramentas que terá ao seu dispor, ao contrário dos outros. Comenta-se muito o duopólio Google e Facebook e que os grandes grupos de media terão de surgir para combatê-lo, mas para mim um mal não deve servir para combater outro mal, há outros caminhos.” (...) 

Citou ainda, como exemplo, o ocorrido nos Estados Unidos, onde o Departamento de Justiça “entrou com uma acção contra a concentração vertical da AT&T e da Time Warner, com uma argumentação semelhante à da Anacom”. (...) 

Em resposta à pergunta sobre qual seria a estratégia da Impresa caso “a compra da Media Capital avançasse, criando um rival directo dez vezes mais forte”, respondeu: 

“Não lhe vou dizer qual é a estratégia, senão também estaria a dar trunfos aos nossos concorrentes, mas é claro que estamos a pensar em todas as frentes. Seria um péssimo gestor se não estivesse a pensar em qual seria o meu próximo passo, caso isto avançasse. Mas é como dizze, passa por parcerias. Há aqui um ecossistema mediático cada vez mais complexo, muitas vezes não sabemos com quem é que estamos a concorrer e os nossos concorrentes muitas vezes são nossos parceiros. Não podemos ficar sozinhos, isso para mim é claro.” (...) 


Mais informação no Público, cuja imagem, de Rui Gaudêncio, aqui incluímos