Apelo internacional à libertação dos jornalistas detidos na Turquia
O depoimento destes dois repórteres, divulgado pelo Público no Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, começa pela descrição do que é ser preso por este motivo:
“Na prisão, um dos maiores desafios é psicológico. Mesmo que as condições sejam bastante terríveis, se houver nutrição básica, água potável e abrigo, consegue-se sobreviver fisicamente. São os sentimentos de desespero e de isolamento que se podem tornar mentalmente incapacitantes, até fatais.
Por isso, quando soubemos, muitos meses após a nossa detenção, que tinha sido lançada uma campanha global para nos libertar, tal fez toda a diferença.” (...)
“Além de nos recordar de que não estávamos esquecidos, fez-nos compreender que fazemos parte de uma causa muito maior do que nós. E ajudou a dar sentido àqueles longos dias e a animar-nos quando nos sentíamos a bater no fundo. E, mais importante ainda, a campanha contribuiu, por fim, para acabar com o nosso encarceramento.” (...)
Peter Greste e Mohamed Fhamy apelam agora a que o mesmo seja feito em defesa dos jornalistas na Turquia:
“Está a desenrolar-se lentamente uma tragédia na Turquia. O jornalismo independente é sistematicamente esmagado. As portas das prisões estão a fechar-se sobre os jornalistas, os órgãos de comunicação social a serem emparedados e um silêncio perturbante cai sobre o que era uma paisagem de media vibrante e diversificada.” (...)
“Pelo menos 156 órgãos de comunicação social foram fechados e uns estimados 2500 jornalistas e outros profissionais dos media perderam o emprego. Yonca Sik, cujo marido, o jornalista de investigação Ahmet Sik, está detido desde Dezembro passado, alerta: ‘A detenção de Ahmet é uma mensagem para os outros: falem se ousarem’.” (...)
“A #FreeAJStaff começou como uma pequena campanha no Twitter, mas em algumas semanas ganhou a dimensão de um movimento global. Trouxe ao cimo o melhor das redes sociais: o sentido de urgência, a criação de um ímpeto, a defesa corajosa de uma causa que, de outra forma, teria sido esmagada. No final, mobilizara mais de três mil milhões de tomadas de posição.” (...)
“Ao longo dos mais de 400 dias que passámos atrás das grades no Egipto, fortaleceu-nos sabermos que pessoas por todo o mundo estavam a fazer campanha pela nossa libertação. Se estava certo defender-nos e exigir #FreeAJStaff, também é certo fazermo-nos todos ouvir em defesa dos jornalistas que são presos apenas por fazerem o seu trabalho. É por isso que nos juntámos à campanha #FreeTurkeyMedia.”
O apelo dos dois jornalistas, na íntegra, no Público