A jornalista e socióloga mexicana Lucía Lagunes Huerta declarou que “a invisibilidade das jornalistas [agredidas] faz com que essas agressões continuem ocultas” e gera “uma enorme vulnerabilidade”, pelo que é “muito importante dar rosto a essas mulheres”. 

Como acrescentou Victoria Prego, presidente da APM, “a situação dos jornalistas no México é dramática, terrível, são autênticos heróis, e há uma dimensão acrescentada, que é a das jornalistas mexicanas”. E Bernardo Díaz Nosty, presidente da Cátedra Unesco da Universidade de Málaga, sublinhou a importância do relatório, porque, como disse, “os dados que conhecíamos sobre agressões a jornalistas no México reuniam homens e mulheres, sem fazer considerações nem matizes que envolvem os casos das mulheres”. 

O relatório agora divulgado informa que as agressões mais comuns contra as jornalistas mexicanas foram actos de intimidação (19,56%), ameaças (13,39%), assédio (11,51%), agressões físicas (10,15%), bloqueio informativo (8,69%), campanhas de desprestígio (7,22%) e uso desproporcionado da força pública (6,28%). 

Além dos referidos assassínios, também ocorreram exílios forçados “para outro lugar, incluindo para outro país, para salvar a vida; e as jornalistas deslocadas são culpabilizadas por isso, com uma brutal pressão emocional que as acompanha para onde tenham de ir”. 

Lucía Lagunes descreveu algumas das agressões e ameaças sofridas por jornalistas mexicanas, como chegar a casa e encontrar a roupa interior espalhada no chão; ameaças contra os seus filhos, incluindo receber fotografias de bebés recém-nascidos obtidas no seu berço, dentro do hospital; campanhas de desprestígio com a imagem sexualizada das jornalistas, que se torna viral mesmo entre colegas. (...)

Lucía Lagunes responsabiliza também as empresas dos media por esta situação de insegurança, “com condições contratuais leoninas, que chegar a pagar um euro por uma colaboração”:

“As empresas não assumem a parte que lhes diz respeito quando as jornalistas são agredidas”  - afirmou, acrescentando que “a precariedade laboral também gera condições de vulnerabilidade” e que “a fragilidade laboral aumenta o risco destas jornalistas”.

 

 

O artigo aqui citado, na íntegra no site da Asociación de la Prensa de Madrid