A oportunidade que mantém a primazia da televisão "clássica", linear, utilizada por espectadores sentados em grupos, são "os grandes eventos federadores, como as competições desportivas", pelas quais a televisão à antiga continua "capaz de reunir milhões de pessoas de diferentes gerações num mesmo momento":

"A televisão linear vai continuar a manter o seu impacto sobre os eventos previsíveis e continua a ser uma garantia de sincronismo social" - afirma Bruno Patino, que foi director de programas da France Télévision. 

"O posto fixo adapta-se à modernidade por via da box. Nenhuma tecnologia conseguiu matar a televisão"  - diz Marco Nassivera, director de Informação da Arte. Sobre os perigos futuros de um fluxo contínuo de imagens incontroladas, pensa que "a televisão do futuro vai sem dúvida criar novas funções de ‘verificadores’ que saberão identificar as origens de determinadas imagens". 

A televisão do futuro "será cada vez mais personalizada", confirma François Jost, especialista dos media : "A Amazon, por exemplo, já conhece os nossos gostos e pode propor este ou aquele livro." (…)

A oferta de programas é de tal modo ilimitada que a verdadeira questão, para os espectadores, vai ser a dificuldade da escolha. O artigo que citamos fornece números sobre as séries de televisão já produzidas em França pelos canais hertzianos, que chegam para preencher 727 soirées num ano só! 

"Resta saber de que modo vão os telespectadores digerir esta oferta ilimitada. Fala-se já de comportamentos espantosos, como o speed watching. Graças a uma opção porposta por YouTube (mas também pelo Chrome, o navegador da Google), é possível ver um episódio de 52 minutos de uma série de sucesso em… 39 minutos. A velocidade de curso das imagens aumenta sem que os diálogos sejam, ao que parece, muito deformados."  (…) 

Mas os que adoptam este comportamento "negam o trabalho do autor"  - sublinha, muito justamente, François Jost.

 

Mais informação no texto original, de Le Monde, a que pertence igualmente a imagem incluída