A Netflix desafiada no seu terreno por uma distribuidora não convidada
O optimismo da Netflix, que lidera este novíssimo mercado com 70 milhões de subscritores em todo o mundo, incluindo Portugal (muito acima dos 45 milhões da sua mais próxima concorrente, a Amazon), é patente nas palavras do seu co-fundador e CEO, Reed Hastings, na palestra de abertura do grande encontro da Consumer Technology Association, o CES 2016, a decorrer em Las Vegas. Depois de citar alguns dos poucos países em que o serviço Netflix não está disponível, disse: “Estamos hoje a assistir ao nascimento de um novo canal global de televisão pela Internet. (.../...) Com este lançamento, os consumidores de todo o mundo – de Singapura a São Petersburgo, de São Francisco a São Paulo – poderão ver séries e filmes em simultâneo, sem tempos de espera. Com o auxílio da Internet, estamos a colocar nas mãos do consumidor o poder de ver o que quiser, quando quiser e no dispositivo que quiser”.
Mas uma notícia do Le Monde explica que nem tudo é tão simples: “De um país para outro, as séries e os filmes disponíveis podem variar muito, em função dos complexos acordos de distribuição assinados pelos produtores dos filmes e das séries, das exclusividades concedidas a este ou àquele território, até mesmo à cronologia dos meios.” E dá exemplos muito concretos:
O filme 2001, Odisseia no Espaço, de Stanley Kubrick, é ausente do catálogo americano, mas está disponível na Rússia ou na Grécia. Le Fabuleux Destin d’Amélie Poulain está indisponível na França, mas pode ser visto em meia centena de países. Gone Girl, o thriller de David Fincher, está por enquanto reservado ao Canadá…
Mas é por estas fendas que passa a “esperteza” (se quisermos traduzir à letra) da Smartflix - cujo criador se mantém anónimo. O procedimento é simples: uma vez ligado, o assinante da Netflix encontra um motor de busca que, ao mesmo tempo que lhe apresenta todos os conteúdos disponíveis, o põe em contacto (se necesário) com a “linha” de outro país, onde o conteúdo que lhe interessa não tem restrição.
A ideia não é exclusiva, e há mais serviços a fazer esta espécie de “contrabando”, mas parece que, de momento, a Smartflix é a mais eficaz. O seu criador diz que está a prestar um serviço, a fornecer um bom produto, com segurança, e a vendê-lo. Do lado da Netflix, o comentário é que não encoraja este tipo de utilização...