As autoridades inglesas retiraram as acusações contra um fotojornalista que estava a cobrir uma manifestação na zona de Kent. A detenção do profissional levantou questões sobre a possível violação da liberdade de imprensa.
O profissional em causa, Andy Aitchison, documentou uma manifestação à porta do quartel de Folkestone, motivada pelas alegações de que os militares estavam a negligenciar a saúde dos refugiados que, em determinadas alturas do ano, ocupam o edifício.
Algumas horas mais tarde, Aitchison foi detido na sua residência, sob acusação de “dano criminal”.
Perante este cenário, as associações Index on Censorship, Article 19 e International Federation of Journalists enviaram um alerta ao Conselho Europeu.
Aitchison foi libertado uma semana depois, por falta de provas. “Ainda assim, não pediram desculpa”, disse aquele profissional em entrevista ao “Guardian”. “Preocupa-me que as autoridades ainda não se tenham apercebido de que, enquanto jornalista, nunca deveria ter sido detido”.
Em 22 de Janeiro, a redacção do jornal desportivo “L’Equipe” finalizou a greve mais longa dos seus 74 anos de história.
Ao longo de 14 dias, os representantes sindicais do Grupo reivindicaram pelos direitos dos colaboradores, e conseguiram evitar o despedimento forçado dos profissionais.
Contudo, o jornal continua em risco e é possível que deixe de ter uma versão impressa em 2025, conforme prevê o jornalista David Garcia num artigo publicado no “Acrimed”.
Isto porque o Grupo Amaury , accionista único da marca “L’Equipe”, está determinado a reduzir os custos que tem com o sector dos “media”, e a direccionar o seu investimento para eventos desportivos, como a Tour de France.
Apesar de a causa do jornal estar a ser apoiada por diversos atletas de alta competição e, mesmo, pela ministra do Desporto, Roxana Maracineanu, serão dispensados cerca de 50 colaboradores, incluindo 47 jornalistas.
Além disso, o Grupo Amaury vai encerrar a revista “Sport & Style” e reduzir a periodicidade do suplemento “France Football”, criador da Bola de Ouro, que todos os anos premeia o melhor jogador de futebol do mundo.
Com tudo isto, a direcção do Grupo L’Equipe prevê a diminuição do número de subscritores, bem como dos assinantes do pacote mensal : “L'Équipe” + revista “L'Équipe” + “France Football”.
O operador público chinês, CGTN, perdeu a licença de emissão no Reino Unido, depois de o Ofcom concluir que o controlo editorial do canal é exercido pelo Governo de Pequim.
De acordo com a regulação da radiodifusão britânica, a entidade detentora da licença de emissão deve controlar todo o conteúdo. Contudo, de acordo com a investigação do Ofcom, a Star China Media Limited -- empresa privada à qual foi atribuída a licença -- não dispõe de qualquer tipo de responsabilidade editorial.
Numa última tentativa de recuperar a autorização, a CGTN pediu que a licença fosse transferida para uma outra organização, mas o requerimento foi rejeitado, já que faltava “informação crucial” e porque a empresa “é controlada pela mesma entidade que controla o partido comunista chinês”.
“A nossa investigação mostrou que a licença para a China Global Television Network é detida por uma entidade que não tem qualquer controlo editorial sobre os seus programas", disse um porta-voz do Ofcom. "Temos proporcionado, à CGTN, numerosas oportunidades para cumprir os protocolos, o que não aconteceu. Consideramos, agora, apropriado retirar a licença para a CGTN emitir no Reino Unido.
A TV5Monde vai homenagear o jornalista argelino Khaled Drareni, ao emitir um documentário de 26 minutos sobre a sua condenação na Argélia.
O documentário “Khaled Drareni, jornalista, caso número 22 244” será emitido na TV5 Monde em 6 e 7 de Fevereiro, estando, igualmente, disponível “online”.
Drareni foi detido a 7 de Março de 2020, enquanto cobria uma manifestação da Hirak, a revolta popular que marcou a Argélia durante mais de um ano, até ser suspensa devido à pandemia.
Aquele jornalista, que tinha colaborado com "media" públicos e privados, havia acompanhado as manifestações desde Fevereiro de 2019, nomeadamente para o canal TV5 Monde.
Em Abril de 2019, o antigo chefe de Estado Abdelaziz Bouteflika renunciou ao cargo graças à Hirak, mas, com o passar dos meses, o novo regime começou a impor restrições aos “media” e a qualquer tipo de oposição.
Nesse ano, Drareni foi forçado a cessar actividade e a abster-se de cobrir as manifestações e as actividades da oposição política e das associações.
"Para este Estado, este sistema, um jornalista livre é um criminoso. Orgulho-me de ser um jornalista livre e um criminoso. E continuarei a fazer o meu trabalho como jornalista com total independência", disse Drareni, após ter sido detido.
Em 2020, surgiram mais 900 mil novos "podcasts", o triplo do número registado em 2019, revelou um estudo realizado pela empresa Chartable.
De acordo com o relatório, em apenas cinco anos, o número de “podcasts” produzidos aumentou 17 vezes, e a quantidade de “downloads” foi triplicada.
O relatório da Chartable indica, por outro lado, que, apesar de os “podcasts” serem populares um pouco por todo o mundo, a língua inglesa continua a dominar o mercado, com mais de 50% do nível de produção.
Ainda assim, o hindi registou o crescimento mais acentuado (14% relativamente ao ano anterior). A língua portuguesa ficou-se pelos 7,8%.
No que diz respeito à temática, os “podcasts” educativos continuam a estar presentes em maior número, seguidos dos programas de cultura e de arte.
A nível de plataformas, o Spotify destacou-se pelo crescimento no número de ouvintes, registando um aumento de 6% na quota de mercado.
O secretário de Estado do Cinema, Audiovisual e Media, Nuno Artur Silva, afirmou que o processo de compra antecipada de publicidade institucional pelo Estado “foi concluído” e “acompanhado, até ao fim, pelas associações do sector”.
“Foram adjudicados e pagos os 72 contratos assinados entre o Estado e oito das 13 entidades detentoras de órgãos de comunicação [social] nacional”, afirmou aquele governante, adiantando que “duas entidades desistiram da contratação” e “três entidades foram excluídas por não cumprirem as formalidades exigidas pelos Código dos Contratos Públicos”.
Recorde-se que, para ajudar os “media” perante os efeito da pandemia, o Governo anunciou, em 17 de Abril do ano passado, a compra antecipada de publicidade institucional por parte do Estado, no montante de 15 milhões de euros, dos quais 75% (11,2 milhões de euros) visavam a imprensa de âmbito nacional.
Os restantes 25% de apoios destinavam-se aos “media” regionais e locais.
Neste âmbito, prosseguiu Nuno Artur Silva, “não foi possível habilitar 86 entidades do total de 761 inicialmente identificáveis como elegíveis”.
O jornal britânico “ New European” foi adquirido por um grupo de accionistas, onde se incluem o ex-director-executivo do “New York Times”, Mark Thompson, e o antigo editor do “Financial Times”, Lionel Barber.
A operação foi iniciada pelo fundador do jornal, Matt Kelly, juntamente com o “patrão dos ‘media’”, Gavin O'Reilly.
De acordo com a BBC, a aquisição foi apoiada por um total de 14 accionistas, que compraram a publicação à empresa de “media” locais Archant.
O “New European” foi fundado em 2016, e tornou-se uma das principais vozes do movimento “anti-Brexit”. De momento, o semanário conta com uma circulação de 20 mil exemplares.
Agora, com este novo investimento, o jornal espera investir em conteúdo de qualidade e renovar as funcionalidades do “back office”.
"Estou muito entusiasmado por liderar este próximo, novo capítulo na notável vida do ‘New European’, com base no seu sucesso dos últimos anos”, disse Kelly, em entrevista à BBC.
"Desde o referendo [do Brexit], o ‘New European’, tem demonstrado que existe um mercado significativo para jornalismo de alta qualidade, informativo, provocador e lúdico, escrito para uma audiência que se preocupa, profundamente, com o futuro tanto da Grã-Bretanha como da Europa”.
A BBC foi condenada a pagar uma multa de 28 mil libras por ter gravado e emitido uma audiência de revisão judicial, que estava a decorrer na plataforma Microsoft Teams.
O excerto foi utilizado numa reportagem, emitida em Novembro de 2020, no noticiário regional BBC South East Today, e vista por cerca de 500 mil espectadores.
A audiência em causa, das Cortes Reais da Justiça, estava a decorrer “online” devido às restrições introduzidas em contexto de pandemia.
O operador público poderia ter sido penalizado com uma multa entre as 45 e as 50 mil libras, mas o montante foi reduzido em um terço, já que a BBC admitiu, imediatamente, o erro e pediu desculpa pelo sucedido.
Ainda assim, os juízes consideraram não poder tratar a BBC com demasiada clemência, pois isto "enviaria a mensagem errada sobre a cobertura, gravação e emissão dos processos judiciais", acrescentando que os jornalistas nunca procederiam da mesma forma numa audiência presencial.
"Deveria ter sido óbvio para eles que o facto de ser possível ver o processo à distância não fazia qualquer diferença", disseram.
Ao completar 40 anos de actividade ininterrupta o CPI – Clube Português de Imprensa tem um histórico de que se orgulha. Foi a 17 de dezembro de 1980 que um grupo de entusiastas quis dar forma a um projecto inédito no associativismo do sector.
Não foi fácil pô-lo de pé, e muito menos foi cómodo mantê-lo até aos nossos dias, não obstante a cultura adversarial que prevalece neste País, sempre que surge algo de novo que escapa às modas em voga ou ao politicamente correcto.
O Clube cresceu, foi considerado de interesse público; inovou ao instituir os Prémios de Jornalismo, atribuídos durante mais de duas décadas; promoveu vários ciclos de jantares-debate, pelos quais passaram algumas das figuras gradas da vida nacional; editou a revista Cadernos de Imprensa; teve programas de debate, em formatos originais, na RTP; desenvolveu parcerias com o CNC- Centro Nacional de Cultura, Grémio Literário, e Lusa, além de outras, com associações congéneres estrangeiras prestigiadas, como a APM – Asociacion de la Prensa de Madrid e Observatório de Imprensa do Brasil.
A convite do CNC, o Clube juntou-se, ainda, à Europa Nostra para lançar, conjuntamente, o Prémio Europeu Helena Vaz da Silva para a Divulgação do Património Cultural, instituído pela primeira vez em 2013, em, homenagem à jornalista, que respirava Cultura, cabendo-lhe o mérito de relançar o Centro e dinamizá-lo com uma energia criativa bem testemunhada por quem a acompanhou de perto.
Mais recentemente, o Clube lançou os Prémios de Jornalismo da Lusofonia, em parceria com o jornal A Tribuna de Macau e a Fundação Jorge Álvares, procurando preencher um vazio que há muito era notado.
Uma efeméride “redonda” como esta que celebramos é sempre pretexto para um balanço. A persistência teve as suas recompensas, embora, hoje, os jornalistas estejam mais preocupados com a sua subsistência num mercado de trabalho precário, do que em participarem activamente no associativismo do sector.
Sabemos que esta realidade não afecta apenas o CPI, mas a generalidade das associações, no quadro específico em que nos inserimos. Seriam razões suficientes para nos sentarmos todos à mesa, reunindo esforços para preparar o futuro.
Com este aniversário do CPI fica feito o convite.
A Direcção