Com a sala da Biblioteca do Grémio Literário esgotada, Diogo Freitas do Amaral foi o primeiro orador convidado no novo ciclo de jantares-debate promovido pelo Clube Português de Imprensa, em parceria com o Centro Nacional de Cultura e o Grémio Literário, agora subordinado ao tema “Que Portugal na Europa, que futuro para a União?”
Freitas do Amaral preferiu iniciar a sua intervenção reflectindo o sobre o presente e o futuro da União Europeia, como testemunha presencial que foi dos esforços bem-sucedidos de Portugal, com o objectivo de integrar, de pleno direito, o exigente clube europeu.
Para o antigo chefe da diplomacia portuguesa, a União Europeia atravessa uma fase complexa, quer em função das consequências do Brexit, quer do problema dos refugiados, quer ainda da instabilidade do euro. A Europa "está numa profunda encruzilhada - disse - ou encontra uma saida para esta crise, ou dá-se a desagregação".
No campo das hipóteses admitiu, a manterem-se as actuais assimetrias, que a moeda única possa vir a ser partilhada, em planos distintos, seguindo um modelo para os países mais ricos e outro para os países com reconhecidas dificuldades estruturais.
Rejeitou, contudo, que haja o risco de Portugal abandonar o euro, ou mesmo a União Europeia, apesar de ser essa a posição conhecida do PCP e do Bloco de Esquerda. Em reforço da sua tese, disse duvidar que o PS pudesse seguir essa tendência, uma vez que reconhece aos socialistas um perfil europeísta.
Freitas do Amaral, enfatizou, por mais de uma vez, a necessidade da União Europeia ser solidária, não sendo essa solidariedade um gesto meramente altruísta, mas uma decorrência dos próprios tratados.
Para o relançamento do projecto original da União, Freitas do Amaral, reconheceu ser necessário que alguém “dê um murro na mesa”, afirmando uma liderança que neste momento faz falta à Europa, à qual, afirmou, "falta uma política económica". E ao dizê-lo, defendeu que " a Europa precisa de fazer uma proposta de grande alcance estratégico - à Ríssia, à China ou à Mercosul."
Quanto à perspectiva de Portugal na Europa, o orador considerou ser indispensável atrair mais investimento estrangeiro, para dinamizar o crescimento económico, sem o qual o país continuará a deslizar para défices crónicos e uma dívida pública agravada. Neste ponto, porém, considerou que " foi-se longe demais na austeridade".
O jantar-debate incluiu, como é habitual, perguntas da assistência, prolongando o debate de uma forma bastante participada.
O mês de Maio tem sido negro para os jornalistas, com o assassinato de quatro mulheres jornalistas em apenas sete dias.
Conforme apontou o “Guardian”, dois dos homicídios ocorreram no México, um dos países mais perigosos para o exercício jornalístico. As vítimas foram Yesenia Mollinedo Falconi e Sheila Johana García Olivera, do “site” “El Veraz”.
Semanas antes da sua morte, Yesenia Mollinedo Falconi, havia recebido ameaças de morte, na sequência das suas investigações sobre crime e corrupção. Ainda assim, aquela jornalista estava confiante de que não corria perigo.
Dois dias após a morte das profissionais mexicanas, foi noticiada outra tragédia: o assassinato de Shireen Abu Akleh, uma correspondente da Al Jazeera, que acompanhava o conflito israelo-árabe há vários anos.
O Alto Comissariado para os Direitos Humanos da ONU mostrou-se “chocado” com a morte deste profissional e exigiu, entretanto, uma “investigação independente e transparente” sobre o sucedido.
Também a directora-geral da Unesco, Audrey Azoulay, se juntou no apelo a uma “investigação completa” à morte da jornalista.
“O assassinato de uma jornalista claramente identificada, numa zona de conflito, é uma violação do direito internacional“, disse Azoulay em comunicado, pedindo uma investigação para levar “os responsáveis à justiça”.
No dia a seguir, ficou conhecido o homicídio da jornalista colombiana Francisca Sandoval, morta durante a cobertura noticiosa de uma manifestação.
Na Polónia, várias empresas mediáticas começaram a lançar produtos noticiosos em ucraniano, como forma de responder às necessidades dos três milhões de refugiados que chegaram ao país desde o início da guerra.
Conforme apontou o “Nieman Lab”, a Agência Noticiosa Polaca (Polska Agencja Prasowa, ou PAP) foi uma das primeiras organizações a partilhar artigos em ucraniano, graças a uma equipa de cinco jornalistas, que têm vindo a dedicar-se à tradução e produção de conteúdos.
Este serviço em ucraniano foi criado em apenas uma semana, e publica artigos diários sobre a invasão da Ucrânia.
“Esta guerra mudou tudo”, disse Jaros?aw Junko, coordenador dos serviços ucraniano e russo daquela agência noticiosa. “Todos os ‘sites’ informativos polacos de renome começaram a oferecer produtos em ucraniano. Esta é uma mudança importante, e mostra que a Polónia está a respeitar os ‘vizinhos’ que chegam ao país”.
Agora, a PAP quer expandir a editoria ucraniana, passando a incluir conteúdos sobre apoio legal, e ajuda económica para refugiados.
Outra das publicações que apostou em conteúdos ucranianos foi a “Onet” que, agora, partilha dez artigos diários sobre o conflito e, ainda, sobre a adaptação à vida na Polónia.
“Fazemos o nosso melhor para sermos um guia sobre a vida neste país”, explicou Kamil Turecki, coordenador da “Onet”.
Também o Grupo RMF decidiu ajudar esta causa, lançando uma nova estação de rádio em ucraniano, com frequências nas cidades fronteiriças de Przemysl e Hrubieszow.
Os ciberataques passaram a fazer parte da paisagem mediática portuguesa. Depois do Grupo Impresa ter sido seriamente afectado, juntamente com a Cofina, embora esta em menor grau de exposição, chegou a vez do Grupo Trust in News, que detém o antigo portfólio de revistas de Balsemão, como é o caso do semanário “Visão”.
Outras empresas foram igualmente visadas, em maior ou menor escala, desde a multinacional Vodafone aos laboratórios Germano de Sousa.
Não cabe neste espaço qualquer comentário especializado a tal respeito, mas não nos isentamos de manifestar uma profunda preocupação relativamente à continuidade - e aparente impunidade - destes actos ilegais, que estão a pôr a nu as vulnerabilidades dos sistemas e redes, tanto públicos como privados.
Recorde-se que este site do Clube Português de Imprensa já foi alvo, também, de intrusões pontuais que bloquearam a sua actualização regular, o que voltou a acontecer, embora de uma forma indirecta, como consequência da inoperacionalidade do operador de telecomunicações atingido.
Oxalá estes ataques de “hackers”, já com um carácter mais “profissional”, tenha contribuído para alertar os especialistas e as autoridades competentes em cibersegurança no sentido de adoptarem as medidas de protecção que se impõem.
As fragilidades ficaram bem à vista.