A organização do World Press Photo já anunciou os vencedores globais da edição de 2022, na qual, pela primeira vez desde o início da competição, o Prémio de Fotografia do Ano foi atribuído a uma imagem sem a presença de qualquer figura humana.
A fotografia distinguida, captada pela canadiana Amber Bracken, mostra uma série de cruzes de madeira, onde estão penduradas peças de roupa, recordando “as crianças que morreram na Escola Residencial Indígena Kamloops (...) na província de British Columbia".
De acordo com o júri, esta imagem foi distinguida por reunir “uma história global de opressão colonial, que deve ser abordada, para se enfrentar os desafios do futuro".
Já o prémio da categoria de Reportagem do Ano foi entregue ao australiano Matthew Abbott, graças ao trabalho “Salvando florestas com fogo”.
Nesta reportagem fotográfica, Abbott retratou uma técnica ancestral dos aborígenes australianos, que fazem queimadas de forma a proteger as zonas em que habitam.
Por sua vez, o brasileiro Lalo de Almeida, e a equatoriana Isadora Romero foram distinguidos, ex-aequo, com o prémio Projecto de Longo Prazo.
O projecto "Distopia Amazónica", de Lalo de Almeida, retrata "as realidades, social, política e ambiental do Brasil sob a presidência de Bolsonaro".
Por seu turno, "O sangue é uma semente", de Isadora Romero, é um projecto de vídeo, que junta fotografia digital e analógica, e “questiona o desaparecimento de sementes, migração forçada, racismo, colonização, e a consequente perda de conhecimento ancestral".
Este ano, a World Press Photo adoptou um novo modelo de concurso, tendo os quatro vencedores dos prémios principais sido escolhidos entre os 24 vencedores dos galardões regionais, que haviam sido anunciados em Março.
Como tal, nesta edição, o júri escolheu as fotos que marcaram 2021, entre 64.823 imagens de 4.066 fotógrafos, oriundos de 130 países.
Os vencedores dos prémios regionais são 24 fotógrafos de 23 países: Argentina, Austrália, Canadá, Colômbia, Bangladesh, Brasil, Equador, Egipto, França, Alemanha, Grécia, Índia, Indonésia, Japão, Madagascar, México, Países Baixos, Nigéria, Noruega, Palestina, Rússia, Sudão e Tailândia.
Os prémios World Press Photo foram criados em 1955, em Amesterdão, e são ainda considerados os mais prestigiados para o fotojornalismo.
O mês de Maio tem sido negro para os jornalistas, com o assassinato de quatro mulheres jornalistas em apenas sete dias.
Conforme apontou o “Guardian”, dois dos homicídios ocorreram no México, um dos países mais perigosos para o exercício jornalístico. As vítimas foram Yesenia Mollinedo Falconi e Sheila Johana García Olivera, do “site” “El Veraz”.
Semanas antes da sua morte, Yesenia Mollinedo Falconi, havia recebido ameaças de morte, na sequência das suas investigações sobre crime e corrupção. Ainda assim, aquela jornalista estava confiante de que não corria perigo.
Dois dias após a morte das profissionais mexicanas, foi noticiada outra tragédia: o assassinato de Shireen Abu Akleh, uma correspondente da Al Jazeera, que acompanhava o conflito israelo-árabe há vários anos.
O Alto Comissariado para os Direitos Humanos da ONU mostrou-se “chocado” com a morte deste profissional e exigiu, entretanto, uma “investigação independente e transparente” sobre o sucedido.
Também a directora-geral da Unesco, Audrey Azoulay, se juntou no apelo a uma “investigação completa” à morte da jornalista.
“O assassinato de uma jornalista claramente identificada, numa zona de conflito, é uma violação do direito internacional“, disse Azoulay em comunicado, pedindo uma investigação para levar “os responsáveis à justiça”.
No dia a seguir, ficou conhecido o homicídio da jornalista colombiana Francisca Sandoval, morta durante a cobertura noticiosa de uma manifestação.
Na Polónia, várias empresas mediáticas começaram a lançar produtos noticiosos em ucraniano, como forma de responder às necessidades dos três milhões de refugiados que chegaram ao país desde o início da guerra.
Conforme apontou o “Nieman Lab”, a Agência Noticiosa Polaca (Polska Agencja Prasowa, ou PAP) foi uma das primeiras organizações a partilhar artigos em ucraniano, graças a uma equipa de cinco jornalistas, que têm vindo a dedicar-se à tradução e produção de conteúdos.
Este serviço em ucraniano foi criado em apenas uma semana, e publica artigos diários sobre a invasão da Ucrânia.
“Esta guerra mudou tudo”, disse Jaros?aw Junko, coordenador dos serviços ucraniano e russo daquela agência noticiosa. “Todos os ‘sites’ informativos polacos de renome começaram a oferecer produtos em ucraniano. Esta é uma mudança importante, e mostra que a Polónia está a respeitar os ‘vizinhos’ que chegam ao país”.
Agora, a PAP quer expandir a editoria ucraniana, passando a incluir conteúdos sobre apoio legal, e ajuda económica para refugiados.
Outra das publicações que apostou em conteúdos ucranianos foi a “Onet” que, agora, partilha dez artigos diários sobre o conflito e, ainda, sobre a adaptação à vida na Polónia.
“Fazemos o nosso melhor para sermos um guia sobre a vida neste país”, explicou Kamil Turecki, coordenador da “Onet”.
Também o Grupo RMF decidiu ajudar esta causa, lançando uma nova estação de rádio em ucraniano, com frequências nas cidades fronteiriças de Przemysl e Hrubieszow.
Os ciberataques passaram a fazer parte da paisagem mediática portuguesa. Depois do Grupo Impresa ter sido seriamente afectado, juntamente com a Cofina, embora esta em menor grau de exposição, chegou a vez do Grupo Trust in News, que detém o antigo portfólio de revistas de Balsemão, como é o caso do semanário “Visão”.
Outras empresas foram igualmente visadas, em maior ou menor escala, desde a multinacional Vodafone aos laboratórios Germano de Sousa.
Não cabe neste espaço qualquer comentário especializado a tal respeito, mas não nos isentamos de manifestar uma profunda preocupação relativamente à continuidade - e aparente impunidade - destes actos ilegais, que estão a pôr a nu as vulnerabilidades dos sistemas e redes, tanto públicos como privados.
Recorde-se que este site do Clube Português de Imprensa já foi alvo, também, de intrusões pontuais que bloquearam a sua actualização regular, o que voltou a acontecer, embora de uma forma indirecta, como consequência da inoperacionalidade do operador de telecomunicações atingido.
Oxalá estes ataques de “hackers”, já com um carácter mais “profissional”, tenha contribuído para alertar os especialistas e as autoridades competentes em cibersegurança no sentido de adoptarem as medidas de protecção que se impõem.
As fragilidades ficaram bem à vista.