Em 2021, foram assassinados 45 jornalistas e colaboradores dos “media”, no exercício das suas funções, de acordo com um relatório da Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ).
Apesar de trágicos, estes dados representam um decréscimo significativo do número de ataques contra jornalistas, apontou a mesma associação, que registou, no ano passado, 65 homicídios de profissionais da imprensa.
“Este é um dos menores números que a FIJ registou, desde que começou a publicar relatórios anuais sobre jornalistas mortos em incidentes relacionados com o trabalho, incluindo assassinatos selectivos, mortes em fogo cruzado e atentados à bomba", sublinhou a FIJ num comunicado de imprensa.
Contudo, estes números não reflectem, necessariamente, uma atitude menos hostil para com os jornalistas, mas sim a ausência dos profissionais dos “media” na cobertura de conflitos armados.
Por outro lado, continua o relatório, “as ameaças ligadas ao domínio de gangues criminosos e de cartéis de droga, das favelas no México às ruas de cidades europeias na Grécia e na Holanda, continuam a aumentar e a explicar muitos dos assassinatos selectivos”.
Quanto ao número de ataques por região, a Ásia-Pacífico está no topo, com 20 assassinatos, à frente das Américas (10), África (oito), Europa (seis) e Médio Oriente e mundo árabe (um).
Perante este cenário, a FIJ assinala que a diminuição observada em 2021 é “pouco reconfortante face à violência contínua, que tirou a vida de jornalistas em países como Afeganistão (nove), México (oito), Índia (quatro) e Paquistão (três)".
O jornalista António de la Cruz, de 47 anos, e a sua filha, de 23 anos, foram assassinados ao sair de sua casa em Ciudad Victoria, capital de Tamaulipas, no México. Somam-se, agora, doze homicídios de profissionais dos “media” mexicanos desde o início do ano.
O “Expreso”, órgão de comunicação onde o jornalista trabalhava, é alvo de constantes ataques e ameaças. A título de exemplo, em 2012, uma organização criminosa fez explodir um carro bomba junto às portas da sede daquele jornal.
Várias figuras políticas reagiram, entretanto, à morte deste profissional.
Foi esse o caso do governador de Tamaulipas, Francisco García Cabeza de Vaca, que lamentou o desaparecimento do jornalista e afirmou, no Twitter, ter “pedido à Procuradoria Geral do Estado o compromisso de esclarecer os factos”, para que o crime não permanecesse “impune”.
A Procuradoria, por sua vez, afirmou que será destacada, para o caso, uma equipa especializada em crimes contra a liberdade de expressão.
Perante a actual vaga de violência contra jornalistas, a União Nacional de Editores de Imprensa mexicana (SNRP) acusou o governo de não combater, eficazmente, “a delinquência e o crime”, que prejudicam “ o Estado de Direito, a aplicação das leis e toda a Constituição”.
A Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) reiterou, entretanto, a sua preocupação com “a alarmante onda de violência contra os colaboradores da imprensa”, que está a transformar o México “num dos países mais perigosos para o exercício da profissão”.
O México encontra-se em 127º lugar no Índice de Liberdade de Imprensa dos Repórteres sem Fronteiras, entre 180 países.
O “Washington Post” está a oferecer planos de subscrição anuais de 50 euros, para os próximos 50 anos. Ou seja, os novos assinantes têm oportunidade de pagar uma taxa anual fixa, pelo serviço noticioso digital, até 2072.
Conforme apontou Joshua Benton num artigo publicado no “Nieman Lab”, apesar de ser impossível adivinhar como estará o mundo daqui a 50 anos, esta é uma estratégia de “marketing”, que espelha o “WP” enquanto uma instituição jornalística.
Até porque, segundo recordou Benton, o “WP” celebrou, agora, os 50 anos da divulgação do “caso Watergate”. Logo, esta oferta de subscrição vem oferecer mais meio século de jornalismo de investigação e de confiança.
Isto ajuda, também, a marcar a diferença entre o “Washington Post”, que consegue assegurar o seu funcionamento, e os muitos títulos que foram forçados a fechar as portas no decorrer das últimas décadas.
Portanto, explicou Benton, através deste pacote de assinatura, o “Washington Post” quer, igualmente, passar uma ideia de robustez, tanto do seu trabalho jornalístico, como do seu modelo de negócio.
Além disso, esta estratégia ajuda a garantir uma base de subscritores fixos, e a diminuir a taxa de cancelamento, que, actualmente, ronda os 0,85% semanais.
Os ciberataques passaram a fazer parte da paisagem mediática portuguesa. Depois do Grupo Impresa ter sido seriamente afectado, juntamente com a Cofina, embora esta em menor grau de exposição, chegou a vez do Grupo Trust in News, que detém o antigo portfólio de revistas de Balsemão, como é o caso do semanário “Visão”.
Outras empresas foram igualmente visadas, em maior ou menor escala, desde a multinacional Vodafone aos laboratórios Germano de Sousa.
Não cabe neste espaço qualquer comentário especializado a tal respeito, mas não nos isentamos de manifestar uma profunda preocupação relativamente à continuidade - e aparente impunidade - destes actos ilegais, que estão a pôr a nu as vulnerabilidades dos sistemas e redes, tanto públicos como privados.
Recorde-se que este site do Clube Português de Imprensa já foi alvo, também, de intrusões pontuais que bloquearam a sua actualização regular, o que voltou a acontecer, embora de uma forma indirecta, como consequência da inoperacionalidade do operador de telecomunicações atingido.
Oxalá estes ataques de “hackers”, já com um carácter mais “profissional”, tenha contribuído para alertar os especialistas e as autoridades competentes em cibersegurança no sentido de adoptarem as medidas de protecção que se impõem.
As fragilidades ficaram bem à vista.