Há cerca de 12 anos, Rupert Murdoch entrou num conflito directo com a Google, com o objectivo de fazer com que a empresa norte-americana pagasse pelos conteúdos noticiosos que agregava nas suas plataformas, recordou Nemesio Rodríguez num artigo publicado nos “Cuadernos de Periodistas”, editados pela APM, com a qual o CPI mantém um acordo de parceria.
De acordo com Rodríguez, esta “cruzada” durou até ao presente ano, quando o governo australiano implementou uma nova lei, que obriga as empresas tecnológicas a dividirem as receitas com as empresas de “media”, consoante os artigos partilhados nas suas plataformas agregadoras de notícias.
Em primeira instância, isto veio agravar a animosidade entre o governo e as tecnológicas: o Facebook, por exemplo, bloqueou o acesso dos utilizadores australianos a todos os conteúdos noticiosos da plataforma.
Contudo, perante as crescentes críticas da comunidade internacional, o Facebook e a Google cederam, anunciando um investimento de mil milhões de dólares em projectos de jornalismo.
Além disso, a Google revelou que iria apostar no licenciamento de conteúdos noticiosos internacionais, estabelecendo acordos privados com empresas de “media”, que passariam a partilhar os seus artigos na Google News Showcase.
Conforme recordou o autor, esta nova proposta atraiu diversos editores, já que a iniciativa parecia uma opção viável para solucionar os problemas financeiros dos jornais “online”.
Entre os signatários estava o grupo alemão “Spiegel”, cujo CEO, Stefan Ottliz, não escondeu a satisfação com o novo acordo: “Com o Google News Showcase e a nova integração de conteúdo editorial, a Google mostra que quer apoiar o jornalismo de qualidade”.
No entanto, o entusiasmo não foi partilhado pelo Conselho de Editores Europeus, que criticou a falta de transparência do novo projecto da Google.
“Ao lançar um produto, a Google pode ditar os termos e condições, minar a legislação destinada a criar condições para o comércio justo e, ao mesmo tempo, alegar que está a contribuir para o financiamento da produção de notícias ", apontaram.
O Conselho procurou, assim, alertar para a directiva europeia sobre os direitos de autor no mercado único digital, que os governos da UE estão a introduzir na sua legislação.
Ora, esta directiva é fundamental para regular os pagamentos das plataformas às editoras, garantindo, igualmente, que todos os criadores de conteúdo (incluindo jornalistas) têm direito a uma remuneração adequada pelos direitos autorais.
Por outro lado, a Google está a tentar contornar a directriz, estabelecendo acordos individuais e confidenciais com os “media”, em vez de negociar de forma colectiva.
Ainda assim, em 31 de Março, a empresa de tecnologia anunciou que o Google News Showcase tinha conteúdos de 600 “media”, incluindo a agência Reuters. Contudo, não foram fornecidos quaisquer dados sobre o pagamento de taxas remuneratórias.
Desta forma, é impossível perceber se os “media” estão, de facto, a ser remunerados de forma justa, ou se a Google continua a defender os seus próprios interesses, em detrimento da sustentabilidade e pluralidade da imprensa.
Assim, Nemesio Rodríguez alerta para a necessidade de um maior nível de transparência, que vá ao encontro das leis europeias, e que garanta a justa regulamentação do espaço “online”.
O jornalista António de la Cruz, de 47 anos, e a sua filha, de 23 anos, foram assassinados ao sair de sua casa em Ciudad Victoria, capital de Tamaulipas, no México. Somam-se, agora, doze homicídios de profissionais dos “media” mexicanos desde o início do ano.
O “Expreso”, órgão de comunicação onde o jornalista trabalhava, é alvo de constantes ataques e ameaças. A título de exemplo, em 2012, uma organização criminosa fez explodir um carro bomba junto às portas da sede daquele jornal.
Várias figuras políticas reagiram, entretanto, à morte deste profissional.
Foi esse o caso do governador de Tamaulipas, Francisco García Cabeza de Vaca, que lamentou o desaparecimento do jornalista e afirmou, no Twitter, ter “pedido à Procuradoria Geral do Estado o compromisso de esclarecer os factos”, para que o crime não permanecesse “impune”.
A Procuradoria, por sua vez, afirmou que será destacada, para o caso, uma equipa especializada em crimes contra a liberdade de expressão.
Perante a actual vaga de violência contra jornalistas, a União Nacional de Editores de Imprensa mexicana (SNRP) acusou o governo de não combater, eficazmente, “a delinquência e o crime”, que prejudicam “ o Estado de Direito, a aplicação das leis e toda a Constituição”.
A Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) reiterou, entretanto, a sua preocupação com “a alarmante onda de violência contra os colaboradores da imprensa”, que está a transformar o México “num dos países mais perigosos para o exercício da profissão”.
O México encontra-se em 127º lugar no Índice de Liberdade de Imprensa dos Repórteres sem Fronteiras, entre 180 países.
O “Washington Post” está a oferecer planos de subscrição anuais de 50 euros, para os próximos 50 anos. Ou seja, os novos assinantes têm oportunidade de pagar uma taxa anual fixa, pelo serviço noticioso digital, até 2072.
Conforme apontou Joshua Benton num artigo publicado no “Nieman Lab”, apesar de ser impossível adivinhar como estará o mundo daqui a 50 anos, esta é uma estratégia de “marketing”, que espelha o “WP” enquanto uma instituição jornalística.
Até porque, segundo recordou Benton, o “WP” celebrou, agora, os 50 anos da divulgação do “caso Watergate”. Logo, esta oferta de subscrição vem oferecer mais meio século de jornalismo de investigação e de confiança.
Isto ajuda, também, a marcar a diferença entre o “Washington Post”, que consegue assegurar o seu funcionamento, e os muitos títulos que foram forçados a fechar as portas no decorrer das últimas décadas.
Portanto, explicou Benton, através deste pacote de assinatura, o “Washington Post” quer, igualmente, passar uma ideia de robustez, tanto do seu trabalho jornalístico, como do seu modelo de negócio.
Além disso, esta estratégia ajuda a garantir uma base de subscritores fixos, e a diminuir a taxa de cancelamento, que, actualmente, ronda os 0,85% semanais.
Os ciberataques passaram a fazer parte da paisagem mediática portuguesa. Depois do Grupo Impresa ter sido seriamente afectado, juntamente com a Cofina, embora esta em menor grau de exposição, chegou a vez do Grupo Trust in News, que detém o antigo portfólio de revistas de Balsemão, como é o caso do semanário “Visão”.
Outras empresas foram igualmente visadas, em maior ou menor escala, desde a multinacional Vodafone aos laboratórios Germano de Sousa.
Não cabe neste espaço qualquer comentário especializado a tal respeito, mas não nos isentamos de manifestar uma profunda preocupação relativamente à continuidade - e aparente impunidade - destes actos ilegais, que estão a pôr a nu as vulnerabilidades dos sistemas e redes, tanto públicos como privados.
Recorde-se que este site do Clube Português de Imprensa já foi alvo, também, de intrusões pontuais que bloquearam a sua actualização regular, o que voltou a acontecer, embora de uma forma indirecta, como consequência da inoperacionalidade do operador de telecomunicações atingido.
Oxalá estes ataques de “hackers”, já com um carácter mais “profissional”, tenha contribuído para alertar os especialistas e as autoridades competentes em cibersegurança no sentido de adoptarem as medidas de protecção que se impõem.
As fragilidades ficaram bem à vista.