O trabalho jornalístico está, naturalmente, sujeito às críticas de terceiros, que utilizam as redes sociais ou outras plataformas “online” para expressar a sua opinião quanto a um determinado artigo ou reportagem.
Contudo, as mulheres jornalistas são expostas a outro tipo de escrutínio, de índole pessoal, apontou Charlotte Klein num artigo publicado no “site” da “Vanity Fair”.
De acordo com Klein, a maioria das críticas tecidas às profissionais são alusivas às suas vidas privadas e não ao trabalho que realizam enquanto jornalistas.
Para esta peça, Klein entrevistou diversas jornalistas norte-americanas. Na sua maioria, estas profissionais disseram não ser apoiadas pelas redacções, que tendem a ignorar este tipo de ataques.
“Mesmo as organizações mais progressistas ainda são dirigidas por profissionais que não entendem a origem misógina destes ataques”, considerou uma repórter, que quis manter o anonimato.
Além disso, as profissionais entrevistadas consideram que as publicações ainda não se adaptaram à realidade digital, não dispondo de mecanismos para reagir, eficazmente, a este tipo de situações.
No entanto, as jornalistas consideram que “quando recebemos milhares de mensagens insultuosas, é imperativo que as redacções respondam”.
Entretanto, algumas publicações norte-americanas, como o “New York Times” e o “Washington Post” emitiram comunicados de apoio a jornalistas assediadas, mas estes casos são, ainda, considerados excepções.
Isto porque, tendencialmente, os jornais ignoram qualquer comentário ofensivo, de forma a “não alimentar os ‘trolls’” -- expressão inglesa para indivíduos que criticam, deliberadamente, outros utilizadores das plataformas “online”.
Perante este cenário, algumas mulheres jornalistas criaram os seus próprios grupos de apoio, em canais de mensagens privadas, como o “Whatsapp” ou o “Slack”.
Ainda assim, as profissionais manifestam medo em abrir as redes sociais, com algumas jornalistas a confessarem ter-se afastado das suas funções, com receio de um maior nível de assédio.
O jornalista António de la Cruz, de 47 anos, e a sua filha, de 23 anos, foram assassinados ao sair de sua casa em Ciudad Victoria, capital de Tamaulipas, no México. Somam-se, agora, doze homicídios de profissionais dos “media” mexicanos desde o início do ano.
O “Expreso”, órgão de comunicação onde o jornalista trabalhava, é alvo de constantes ataques e ameaças. A título de exemplo, em 2012, uma organização criminosa fez explodir um carro bomba junto às portas da sede daquele jornal.
Várias figuras políticas reagiram, entretanto, à morte deste profissional.
Foi esse o caso do governador de Tamaulipas, Francisco García Cabeza de Vaca, que lamentou o desaparecimento do jornalista e afirmou, no Twitter, ter “pedido à Procuradoria Geral do Estado o compromisso de esclarecer os factos”, para que o crime não permanecesse “impune”.
A Procuradoria, por sua vez, afirmou que será destacada, para o caso, uma equipa especializada em crimes contra a liberdade de expressão.
Perante a actual vaga de violência contra jornalistas, a União Nacional de Editores de Imprensa mexicana (SNRP) acusou o governo de não combater, eficazmente, “a delinquência e o crime”, que prejudicam “ o Estado de Direito, a aplicação das leis e toda a Constituição”.
A Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) reiterou, entretanto, a sua preocupação com “a alarmante onda de violência contra os colaboradores da imprensa”, que está a transformar o México “num dos países mais perigosos para o exercício da profissão”.
O México encontra-se em 127º lugar no Índice de Liberdade de Imprensa dos Repórteres sem Fronteiras, entre 180 países.
O “Washington Post” está a oferecer planos de subscrição anuais de 50 euros, para os próximos 50 anos. Ou seja, os novos assinantes têm oportunidade de pagar uma taxa anual fixa, pelo serviço noticioso digital, até 2072.
Conforme apontou Joshua Benton num artigo publicado no “Nieman Lab”, apesar de ser impossível adivinhar como estará o mundo daqui a 50 anos, esta é uma estratégia de “marketing”, que espelha o “WP” enquanto uma instituição jornalística.
Até porque, segundo recordou Benton, o “WP” celebrou, agora, os 50 anos da divulgação do “caso Watergate”. Logo, esta oferta de subscrição vem oferecer mais meio século de jornalismo de investigação e de confiança.
Isto ajuda, também, a marcar a diferença entre o “Washington Post”, que consegue assegurar o seu funcionamento, e os muitos títulos que foram forçados a fechar as portas no decorrer das últimas décadas.
Portanto, explicou Benton, através deste pacote de assinatura, o “Washington Post” quer, igualmente, passar uma ideia de robustez, tanto do seu trabalho jornalístico, como do seu modelo de negócio.
Além disso, esta estratégia ajuda a garantir uma base de subscritores fixos, e a diminuir a taxa de cancelamento, que, actualmente, ronda os 0,85% semanais.
Os ciberataques passaram a fazer parte da paisagem mediática portuguesa. Depois do Grupo Impresa ter sido seriamente afectado, juntamente com a Cofina, embora esta em menor grau de exposição, chegou a vez do Grupo Trust in News, que detém o antigo portfólio de revistas de Balsemão, como é o caso do semanário “Visão”.
Outras empresas foram igualmente visadas, em maior ou menor escala, desde a multinacional Vodafone aos laboratórios Germano de Sousa.
Não cabe neste espaço qualquer comentário especializado a tal respeito, mas não nos isentamos de manifestar uma profunda preocupação relativamente à continuidade - e aparente impunidade - destes actos ilegais, que estão a pôr a nu as vulnerabilidades dos sistemas e redes, tanto públicos como privados.
Recorde-se que este site do Clube Português de Imprensa já foi alvo, também, de intrusões pontuais que bloquearam a sua actualização regular, o que voltou a acontecer, embora de uma forma indirecta, como consequência da inoperacionalidade do operador de telecomunicações atingido.
Oxalá estes ataques de “hackers”, já com um carácter mais “profissional”, tenha contribuído para alertar os especialistas e as autoridades competentes em cibersegurança no sentido de adoptarem as medidas de protecção que se impõem.
As fragilidades ficaram bem à vista.