Após a terceira revolução industrial, e em plena era tecnológica, os cidadãos deixaram de dedicar tanto tempo à leitura de conteúdos, quer estes sejam de cariz noticioso, quer sejam dedicados ao entretenimento.
Ou seja, embora os consumidores continuem a informar-se sobre a actualidade mundial, fazem-no, agora, através dos seus telemóveis ou computadores, de forma dinâmica e acelerada.
Posto isto, a investigadora Mariana Nava considera que os jornalistas e editores devem abraçar o novo “modus vivendi” e adaptar as regras tradicionais da profissão à actualidade, de forma a alcançarem a nova “era dourada do jornalismo”.
Num artigo publicado, originalmente, na revista “objETHOS” e reproduzido no “Observatório da Imprensa” -- associação com a qual o CPI mantém um acordo de parceria -- Nava recordou que, actualmente, o sucesso das notícias depende, muitas vezes, de algoritmos informáticos, como o SEO.
O SEO -- “Search Engine Optimization” -- é um mecanismo que os criadores de conteúdos utilizam, para se certificarem de que os seus produtos ou artigos são, facilmente, encontrados pelos utilizadores da internet.
De acordo com a autora, esta ferramenta é composta por um conjunto de técnicas que tornam um texto interessante e fácil de encontrar.
Estas técnicas incluem, por exemplo, adicionar palavras-chave, utilizar frases curtas, escolher subtítulos, etc.
Quando esta ferramenta é utilizada de forma eficaz, os conteúdos aparecem no topo das páginas de pesquisa, chegando a um grande número de cidadãos.
Segundo indicou Nava, este mecanismo poderia, então, ser utilizado no jornalismo, de forma a conquistar a atenção de novas audiências e melhorar a sustentabilidade dos negócios mediáticos.
Contudo, é importante que os profissionais se mantenham fiéis ao código ético, seguindo as normas que foram sendo transmitidas de geração em geração.
Ou seja, o jornalismo não está em vias de extinção Deverá, apenas, adaptar-se, lentamente, à nova realidade mundial.
Leia o artigo original em “Observatório da Imprensa”
O mês de Maio tem sido negro para os jornalistas, com o assassinato de quatro mulheres jornalistas em apenas sete dias.
Conforme apontou o “Guardian”, dois dos homicídios ocorreram no México, um dos países mais perigosos para o exercício jornalístico. As vítimas foram Yesenia Mollinedo Falconi e Sheila Johana García Olivera, do “site” “El Veraz”.
Semanas antes da sua morte, Yesenia Mollinedo Falconi, havia recebido ameaças de morte, na sequência das suas investigações sobre crime e corrupção. Ainda assim, aquela jornalista estava confiante de que não corria perigo.
Dois dias após a morte das profissionais mexicanas, foi noticiada outra tragédia: o assassinato de Shireen Abu Akleh, uma correspondente da Al Jazeera, que acompanhava o conflito israelo-árabe há vários anos.
O Alto Comissariado para os Direitos Humanos da ONU mostrou-se “chocado” com a morte deste profissional e exigiu, entretanto, uma “investigação independente e transparente” sobre o sucedido.
Também a directora-geral da Unesco, Audrey Azoulay, se juntou no apelo a uma “investigação completa” à morte da jornalista.
“O assassinato de uma jornalista claramente identificada, numa zona de conflito, é uma violação do direito internacional“, disse Azoulay em comunicado, pedindo uma investigação para levar “os responsáveis à justiça”.
No dia a seguir, ficou conhecido o homicídio da jornalista colombiana Francisca Sandoval, morta durante a cobertura noticiosa de uma manifestação.
Na Polónia, várias empresas mediáticas começaram a lançar produtos noticiosos em ucraniano, como forma de responder às necessidades dos três milhões de refugiados que chegaram ao país desde o início da guerra.
Conforme apontou o “Nieman Lab”, a Agência Noticiosa Polaca (Polska Agencja Prasowa, ou PAP) foi uma das primeiras organizações a partilhar artigos em ucraniano, graças a uma equipa de cinco jornalistas, que têm vindo a dedicar-se à tradução e produção de conteúdos.
Este serviço em ucraniano foi criado em apenas uma semana, e publica artigos diários sobre a invasão da Ucrânia.
“Esta guerra mudou tudo”, disse Jaros?aw Junko, coordenador dos serviços ucraniano e russo daquela agência noticiosa. “Todos os ‘sites’ informativos polacos de renome começaram a oferecer produtos em ucraniano. Esta é uma mudança importante, e mostra que a Polónia está a respeitar os ‘vizinhos’ que chegam ao país”.
Agora, a PAP quer expandir a editoria ucraniana, passando a incluir conteúdos sobre apoio legal, e ajuda económica para refugiados.
Outra das publicações que apostou em conteúdos ucranianos foi a “Onet” que, agora, partilha dez artigos diários sobre o conflito e, ainda, sobre a adaptação à vida na Polónia.
“Fazemos o nosso melhor para sermos um guia sobre a vida neste país”, explicou Kamil Turecki, coordenador da “Onet”.
Também o Grupo RMF decidiu ajudar esta causa, lançando uma nova estação de rádio em ucraniano, com frequências nas cidades fronteiriças de Przemysl e Hrubieszow.
Os ciberataques passaram a fazer parte da paisagem mediática portuguesa. Depois do Grupo Impresa ter sido seriamente afectado, juntamente com a Cofina, embora esta em menor grau de exposição, chegou a vez do Grupo Trust in News, que detém o antigo portfólio de revistas de Balsemão, como é o caso do semanário “Visão”.
Outras empresas foram igualmente visadas, em maior ou menor escala, desde a multinacional Vodafone aos laboratórios Germano de Sousa.
Não cabe neste espaço qualquer comentário especializado a tal respeito, mas não nos isentamos de manifestar uma profunda preocupação relativamente à continuidade - e aparente impunidade - destes actos ilegais, que estão a pôr a nu as vulnerabilidades dos sistemas e redes, tanto públicos como privados.
Recorde-se que este site do Clube Português de Imprensa já foi alvo, também, de intrusões pontuais que bloquearam a sua actualização regular, o que voltou a acontecer, embora de uma forma indirecta, como consequência da inoperacionalidade do operador de telecomunicações atingido.
Oxalá estes ataques de “hackers”, já com um carácter mais “profissional”, tenha contribuído para alertar os especialistas e as autoridades competentes em cibersegurança no sentido de adoptarem as medidas de protecção que se impõem.
As fragilidades ficaram bem à vista.