Perante as vagas de desinformação que circulam nas redes sociais, os jornalistas deverão conciliar o seu papel enquanto produtores de notícias, com a missão de orientar e educar todos os cidadãos, assinalou Carlos Castilho num artigo publicado, originalmente, na revista “objETHOS”, e reproduzida no “Observatório da Imprensa”, associação com a qual o CPI mantém um acordo de parceria.
Ou seja, de acordo com Castilho, mais do que serem responsáveis pela redacção de peças informativas, os profissionais dos “media” devem, agora, orientar os leitores quanto ao seu consumo mediático, reforçando a importância de consultar fontes fidedignas.
Desta forma -- indiciou o autor -- os jornalistas estão a traçar a sua ascensão do “status social”, graças ao seu papel na sociedade contemporânea.
Até porque, de acordo com Castilho, os jornalistas são a única classe profissional com a experiência necessária para distinguir, sem grande dificuldade, um facto de uma verdade corrompida.
Além disso, os jornalistas conhecem, de perto, a importância de contextualizar um determinado dado, para que este não possa ser deturpado, ou mal interpretado.
O autor sublinha, porém, que este novo papel dos jornalistas não deve passar pela venda de produtos ou promoção de comportamentos, mas pela partilha de conhecimentos sobre a importância da informação verdadeira na formação de opinião e manutenção de democracias saudáveis.
Posto isto, Castilho defende que os profissionais dos “media” deverão, agora, alterar rotinas, regras e valores para se enquadrarem nesta nova função.
O autor admite, contudo, que este é um desafio, duplamente, difícil, já que os jornalistas terão de conseguir alienar-se de funções comerciais, enquanto exploram um novo espaço, ainda desconhecido no conhecimento humano.
Ainda assim, Castilho encoraja todos os profissionais a aliarem-se à causa, já que esta constitui “uma condição indispensável para que a profissão sobreviva” e para reforçar a importância do jornalismo na vida de “pessoas e comunidades”.
Leia o artigo original em "Observatório da Imprensa"
Com a digitalização da imprensa, os “media” estão a abandonar a função de “vendedores de notícias”, para voltarem a exercer um serviço público, afirmou Carlos Castilho num artigo publicado no “Observatório da Imprensa”, associação com a qual o CPI mantém um acordo de parceria.
De acordo com Castilho, esta será uma transição lenta, que se caracterizará por uma relação mais próxima entre produtores e consumidores de conteúdos noticiosos, bem como pela valorização da informação fidedigna.
Ou seja, agora que o modelo publicitário passou a ser considerado pouco sustentável, os “media” podem, finalmente, focar-se na produção de artigos de alta qualidade.
Contudo, esta mudança de paradigma exige, igualmente, a adopção de regras e valores por parte do público, que deverá estar disposto a pagar pela nova e melhorada versão do jornalismo “online”.
Esta nova ideologia pode traduzir-se na introdução de “paywalls” nos “sites” de jornalismo, ou noutros modelos de financiamento do trabalho noticioso, como é o caso do “crowdfunding”.
Segundo o autor, os consumidores de informação podem, assim, escolher apoiar as causas com as quais se identificam, ou que consideram essenciais para a tomada de decisões conscientes.
A One Free Press Coalition -- coligação internacional de “media” em defesa da liberdade de imprensa -- compilou uma lista de mulheres jornalistas detidas ou sob ameaça em vários países: na Síria, Egipto, Bielorrússia, México, Vietname, Filipinas, Turquia, Índia e China.
Esta lista mensal, organizada em função do Dia Internacional da Mulher, começa por denunciar o caso da síria Tal al-Mallohi, uma profissional que foi detida sem acusação, por ordem de um conselheiro de segurança de Bashar al-Assad.
O segundo caso é o da “freelancer” egípcia Solafa Magdy. De acordo com a One Free Press Coalition o estado de saúde desta profissional está em rápida deterioração, devido a negligência médica e abusos sofridos na prisão.
Seguem-se as bielorrussas Katsiaryna Andreyeva e Darya Chultsova, jornalista independente e operadora de câmara respectivamente, que foram condenadas a dois anos de prisão por cobrirem os protestos antigovernamentais.
A One Free Press Coalition pede, ainda, que as autoridades intervenham no caso da mexicana Maria Elena Ferral Hernández, assassinada em Março do ano passado, no Estado de Veracruz.
O quinto alerta diz respeito à vietnamita Pham Doan Trang, repórter na internet e fundadora de uma revista, detida desde Outubro, e a aguardar julgamento.
Além disso, a coligação alerta para os casos de Neha Dixit, na Índia, que tem vindo a receber ameaças de morte, bem como da jornalista chinesa Haze Fan, da “Bloomberg News”, que está detida por suspeitas de ameaças à segurança nacional.
Ao completar 40 anos de actividade ininterrupta o CPI – Clube Português de Imprensa tem um histórico de que se orgulha. Foi a 17 de dezembro de 1980 que um grupo de entusiastas quis dar forma a um projecto inédito no associativismo do sector.
Não foi fácil pô-lo de pé, e muito menos foi cómodo mantê-lo até aos nossos dias, não obstante a cultura adversarial que prevalece neste País, sempre que surge algo de novo que escapa às modas em voga ou ao politicamente correcto.
O Clube cresceu, foi considerado de interesse público; inovou ao instituir os Prémios de Jornalismo, atribuídos durante mais de duas décadas; promoveu vários ciclos de jantares-debate, pelos quais passaram algumas das figuras gradas da vida nacional; editou a revista Cadernos de Imprensa; teve programas de debate, em formatos originais, na RTP; desenvolveu parcerias com o CNC- Centro Nacional de Cultura, Grémio Literário, e Lusa, além de outras, com associações congéneres estrangeiras prestigiadas, como a APM – Asociacion de la Prensa de Madrid e Observatório de Imprensa do Brasil.
A convite do CNC, o Clube juntou-se, ainda, à Europa Nostra para lançar, conjuntamente, o Prémio Europeu Helena Vaz da Silva para a Divulgação do Património Cultural, instituído pela primeira vez em 2013, em, homenagem à jornalista, que respirava Cultura, cabendo-lhe o mérito de relançar o Centro e dinamizá-lo com uma energia criativa bem testemunhada por quem a acompanhou de perto.
Mais recentemente, o Clube lançou os Prémios de Jornalismo da Lusofonia, em parceria com o jornal A Tribuna de Macau e a Fundação Jorge Álvares, procurando preencher um vazio que há muito era notado.
Uma efeméride “redonda” como esta que celebramos é sempre pretexto para um balanço. A persistência teve as suas recompensas, embora, hoje, os jornalistas estejam mais preocupados com a sua subsistência num mercado de trabalho precário, do que em participarem activamente no associativismo do sector.
Sabemos que esta realidade não afecta apenas o CPI, mas a generalidade das associações, no quadro específico em que nos inserimos. Seriam razões suficientes para nos sentarmos todos à mesa, reunindo esforços para preparar o futuro.
Com este aniversário do CPI fica feito o convite.
A Direcção