Morreu, aos 97 anos, o ensaísta, escritor filósofo, professor, e notável pensador , Eduardo Lourenço.
Com várias distinções, nacionais e internacionais, Eduardo Lourenço recebeu, em 2016, o Prémio Prémio Europeu Helena Vaz da Silva para a Divulgação do Património Cultural, instituido pelo CNC – Centro Nacional de Cultura, em parceria com o CPI – Clube Português de Imprensa e a Europa Nostra, que partilhou, ex-aequo, com o “cartoonista” Plantu.
Antes, como conferencista, esteve em 2013 no Grémio Literário, a convite do CPI e do CNC, onde proferiu uma palestra enquadrada no ciclo de jantar-debates, subordinado ao tema "Portugal: que Estado, que Sociedade, que Soberania?", juntamente com Guilherme D `Oliveira Martins.
Nascido em São Pedro de Rio Seco em 1923, Eduardo Lourenço estudou na Universidade de Coimbra e fez a maior parte da carreira no estrangeiro. Deixa, para trás, dezenas de volumes escritos, centenas de ensaios e milhares de outras intervenções públicas.
Em Bordéus, estagiou com uma bolsa Fulbright (1949). Em Hamburgo ou Heidelberg, foi leitor de Cultura Portuguesa (1953 a 1955). Passou, ainda, pela Universidade de Montpellier (1956 a 1958) e pela Universidade Federal da Bahia em 1959. Regressou a Portugal posteriormente à morte da mulher, após quase quatro décadas a viver em França.
Recorde-se que a atribuição do Prémio Europeu Helena Vaz da Silva para a Divulgação do Património Cultural , instituído em 2013, teve como intenção homenagear o “especialista da alma e do imaginário português, memória viva da cultura portuguesa de que é um dos maiores historiadores e um dos seus criadores mais fecundos, e com obra traduzida numa dezena de línguas”.
À época, Eduardo Lourenço reagiu à notícia afirmando que “em plena crise da nossa milenária Europa, recebo a inesperada notícia de que me foi atribuído (...) o Prémio Europeu Helena Vaz da Silva, deputada europeia e militante ardente da causa da Europa. É uma consolação para o tempo caótico que vivemos e para mim é uma pequena luz ao fundo do túnel da nossa aventura europeia em panne.”
No Brasil, a maioria dos jornalistas que escreve sobre emigração foca-se, somente, nos aspectos positivos da mudança, omitindo as verdadeiras dificuldades de um expatriado, considerou Liliana Tinoco Backert num texto publicado no “Observatório da Imprensa”, associação com a qual o CPI mantém um acordo de parceria.
De acordo com a autora, este tipo de artigos passam a mensagem de que basta dominar uma língua estrangeira para se ser bem sucedido lá fora. Contudo, defende Tinoco Backert, a realidade nem sempre é essa.
Quando os jornalistas oferecem destaque a empresários de sucesso, esquecem-se, muitas vezes, das possíveis adversidades enfrentadas pela família desse mesmo profissional, que deixaram as suas rotinas para o acompanhar.
Da mesma forma, o jornalismo de migração brasileiro omite os choques interculturais, as dificuldades de adaptação e a possível exclusão social.
Perante este cenário, a autora incentiva os profissionais dos “media” a criarem projectos focados nestes temas, para informarem, eficazmente, os leitores que estão a ponderar mudar de país.
Aliás, Tinoco Backart -- que chegou a viver na Suíça -- começou a redigir, em 2016, a sua própria coluna sobre movimentos migratórios, que é publicada no portal Swissinfo.ch.
As redes sociais poderão estar a assumir a responsabilidade pela partilha compulsiva de informações falsas e de opiniões que são tomadas como factos, considerou o jornalista Lucas Souza Doutra num artigo publicado no “Observatório da Imprensa”, associação com a qual o CPI mantém um acordo de parceria.
O autor começa por recordar que o Novo Ano foi marcado por uma polémica na plataforma Twitter, que baniu a conta de Donald Trump. Esta medida foi justificada com os riscos de incitação à violência, afirmações falsas e violação de regras das plataformas.
Segundo indicou Dutra, é certo que a acção pode ter sido motivada por interesses económicos e políticos.
Mas, a curto prazo -- reiterou o autor -- este tipo de moderação pode ser eficaz no condicionamento das “fake news” e começar a traçar um melhor futuro para o ambiente virtual que, nos últimos anos, se tem caracterizado pela distorção e imposição de ideologias, estimulada pelo excesso de segmentação e de algoritmos.
O autor considera, por outro lado, que é urgente responder a algumas questões sobre a regulação do mundo “online”.
Ao completar 40 anos de actividade ininterrupta o CPI – Clube Português de Imprensa tem um histórico de que se orgulha. Foi a 17 de dezembro de 1980 que um grupo de entusiastas quis dar forma a um projecto inédito no associativismo do sector.
Não foi fácil pô-lo de pé, e muito menos foi cómodo mantê-lo até aos nossos dias, não obstante a cultura adversarial que prevalece neste País, sempre que surge algo de novo que escapa às modas em voga ou ao politicamente correcto.
O Clube cresceu, foi considerado de interesse público; inovou ao instituir os Prémios de Jornalismo, atribuídos durante mais de duas décadas; promoveu vários ciclos de jantares-debate, pelos quais passaram algumas das figuras gradas da vida nacional; editou a revista Cadernos de Imprensa; teve programas de debate, em formatos originais, na RTP; desenvolveu parcerias com o CNC- Centro Nacional de Cultura, Grémio Literário, e Lusa, além de outras, com associações congéneres estrangeiras prestigiadas, como a APM – Asociacion de la Prensa de Madrid e Observatório de Imprensa do Brasil.
A convite do CNC, o Clube juntou-se, ainda, à Europa Nostra para lançar, conjuntamente, o Prémio Europeu Helena Vaz da Silva para a Divulgação do Património Cultural, instituído pela primeira vez em 2013, em, homenagem à jornalista, que respirava Cultura, cabendo-lhe o mérito de relançar o Centro e dinamizá-lo com uma energia criativa bem testemunhada por quem a acompanhou de perto.
Mais recentemente, o Clube lançou os Prémios de Jornalismo da Lusofonia, em parceria com o jornal A Tribuna de Macau e a Fundação Jorge Álvares, procurando preencher um vazio que há muito era notado.
Uma efeméride “redonda” como esta que celebramos é sempre pretexto para um balanço. A persistência teve as suas recompensas, embora, hoje, os jornalistas estejam mais preocupados com a sua subsistência num mercado de trabalho precário, do que em participarem activamente no associativismo do sector.
Sabemos que esta realidade não afecta apenas o CPI, mas a generalidade das associações, no quadro específico em que nos inserimos. Seriam razões suficientes para nos sentarmos todos à mesa, reunindo esforços para preparar o futuro.
Com este aniversário do CPI fica feito o convite.
A Direcção