A vaga de desinformação sobre o novo coronavírus está a preocupar algumas entidades internacionais, entre as quais a Organização Mundial de Saúde (OMS), que recomenda um consumo moderado de notícias: entre uma a duas reportagens por dia.
Perante esta situação, a RedeComCiência -- associação brasileira que reúne jornalistas especializados em áreas científicas -- realizou uma conferência, para tentar apurar as falhas e os sucessos da cobertura sobre a pandemia.
O debate foi reproduzido por Roxana Tabakman num artigo para o “Observatório da Imprensa”, associação com a qual o CPI mantém um acordo de parceria.
Na opinião do biólogo e comunicador científico Eduardo Lobl, que durante a pandemia produziu um “podcast” e infográficos para as redes sociais, os “media” enfrentaram um desafio inédito com a crise sanitária, através rápida disseminação de notícias falsas.
Assim, Lobl considerou essencial promover a literacia científica e mediática.
Já Ana Beatriz Tuma, mestre em Divulgação Científica, sublinhou a importância de combater os “desertos noticiosos”, já que a falta de informação comunitária pode ter repercussões graves para a saúde pública.
A jornalista Eveline Araújo, por sua vez, considerou essencial clarificar o funcionamento do Sistema Único de Saúde (SUS). “Os jornalistas deveriam entender o SUS enquanto um sistema de grande valor. Quanto mais a população souber, mais eficaz ficará o serviço”.
Araújo destacou, ainda, a importância de recorrer a um leque diversificado de fontes de informação, como antropólogos, cientistas sociais e conselheiros de saúde.
Houve ainda quem referisse o sensacionalismo da cobertura televisiva, que, ao focar-se no número de mortes, afastava a população dos “media” e de fontes de informação credíveis.
Outros jornalistas presentes sublinharam a importância de ensinar ciência nas Universidades. Bruna Belote, estudante de jornalismo, lamentou que as escolas não abordassem o jornalismo de ciência, mencionando, igualmente, dificuldades em conseguir uma especialização científica.“A ciência é muito importante para criar bons jornalistas e as faculdades precisam de adequar-se. O meu desejo é que os novos profissionais tenham mais facilidade em levar a ciência à população”.
O debate foi finalizado com declarações do vice-presidente da RedeComCiência, Moura Leite Netto, que chamou à atenção para a necessidade de clarificar as mensagens transmitidas pelos jornalistas.
“Os cidadãos não nos entendem. A ciência tem que chegar às pessoas. Temos que lhes levar essa cultura científica, com clareza e assertividade. Atravessar as pontes e diminuir a distância, tornando a ciência algo comum a todos”.
Leia o artigo original em “Observatório da Imprensa”
Os directores de informação de todos os principais “media” nacionais subscreveram um documento conjunto, em que criticaram a vigilância policial exercida sobre jornalistas.
Num documento onde se invocaram os artigos da Constituição que protegem a Liberdade de Imprensa, assim como as leis que a tutelam e o Estatuto do Jornalista, os responsáveis editoriais insurgiram-se contra o comportamento de magistrados do Ministério Público, que não passou pelo crivo de qualquer magistrado judicial.
O documento foi enviado ao Presidente da República, presidente da Assembleia da República, assim como aos presidentes da 1ª Comissão da AR e aos diferentes Grupos Parlamentares, presidentes do Tribunal Constitucional, Supremo Tribunal de Justiça e Conselho Superior da Magistratura, além da Procuradora-Geral da República, Provedora de Justiça e Bastonário da Ordem dos Advogados.
O texto integral subscrito pelos directores de informação é do seguinte teor:
O dia da tomada de posse é considerado um dos maiores eventos mediáticos nos Estados Unidos. Por esta ocasião, correspondentes de todos os cantos do país viajam para Washington D. C para captarem a primeira fotografia oficial no novo Presidente e relatarem os passos da cerimónia.
O Instituto Poynter ressalvou, contudo, que, este ano, alguns “media” norte-americanos desviaram as atenções de Joe Biden para se focarem na primeira mulher a ocupar o cargo de vice-presidente: Kamala Harris.
Assim, muitos jornais regionais quiseram certificar-se de que tanto Biden, como Harris, tinham fotografias na primeira página.
O jornal local “San Francisco Chronicle”, por exemplo, deu destaque a Harris e ao segundo cavalheiro, Douglas Emhoff, ao colocar uma foto de ambos no topo da capa.
O mesmo aconteceu com os jornais do Grupo Hearst, no Estado do Connecticut.
De acordo com Wendy Metcalfe, responsável pela empresa de “media”, esta escolha foi feita para reflectir “o sentimento da comunidade”.
O “Tampa Bay Times”, por sua vez, dedicou toda a primeira página à presidência Biden/Harris.
Ao completar 40 anos de actividade ininterrupta o CPI – Clube Português de Imprensa tem um histórico de que se orgulha. Foi a 17 de dezembro de 1980 que um grupo de entusiastas quis dar forma a um projecto inédito no associativismo do sector.
Não foi fácil pô-lo de pé, e muito menos foi cómodo mantê-lo até aos nossos dias, não obstante a cultura adversarial que prevalece neste País, sempre que surge algo de novo que escapa às modas em voga ou ao politicamente correcto.
O Clube cresceu, foi considerado de interesse público; inovou ao instituir os Prémios de Jornalismo, atribuídos durante mais de duas décadas; promoveu vários ciclos de jantares-debate, pelos quais passaram algumas das figuras gradas da vida nacional; editou a revista Cadernos de Imprensa; teve programas de debate, em formatos originais, na RTP; desenvolveu parcerias com o CNC- Centro Nacional de Cultura, Grémio Literário, e Lusa, além de outras, com associações congéneres estrangeiras prestigiadas, como a APM – Asociacion de la Prensa de Madrid e Observatório de Imprensa do Brasil.
A convite do CNC, o Clube juntou-se, ainda, à Europa Nostra para lançar, conjuntamente, o Prémio Europeu Helena Vaz da Silva para a Divulgação do Património Cultural, instituído pela primeira vez em 2013, em, homenagem à jornalista, que respirava Cultura, cabendo-lhe o mérito de relançar o Centro e dinamizá-lo com uma energia criativa bem testemunhada por quem a acompanhou de perto.
Mais recentemente, o Clube lançou os Prémios de Jornalismo da Lusofonia, em parceria com o jornal A Tribuna de Macau e a Fundação Jorge Álvares, procurando preencher um vazio que há muito era notado.
Uma efeméride “redonda” como esta que celebramos é sempre pretexto para um balanço. A persistência teve as suas recompensas, embora, hoje, os jornalistas estejam mais preocupados com a sua subsistência num mercado de trabalho precário, do que em participarem activamente no associativismo do sector.
Sabemos que esta realidade não afecta apenas o CPI, mas a generalidade das associações, no quadro específico em que nos inserimos. Seriam razões suficientes para nos sentarmos todos à mesa, reunindo esforços para preparar o futuro.
Com este aniversário do CPI fica feito o convite.
A Direcção