Os “freelancers” constituem uma parte crescente da força de trabalho nos “media”. Ao contrário dos jornalistas que trabalham nas redacções, esses profissionais fazem reportagens sozinhos, sem apoio jurídico por perto, e sujeitam-se, por isso, a uma pressão acrescida.
Dito isto, as questões éticas são, por vezes, mais complicadas para os “freelancers”, até porque, não escrever um determinado artigo, pode significar não receber qualquer tipo de pagamento durante um período alargado.
A Sociedade de Jornalistas Profissionais assegura, nos EUA, uma linha directa para jornalistas com dilemas éticos. A presidente da associação, Lynn Walsh, considerou que os “freelancers” queixam-se de falta de apoio, quando comparados com os colegas que trabalham em equipa. "Muitas das chamadas que recebemos são de pessoas que precisam de ajuda para tomar decisões, visto que escrevem a partir de casa, e que têm contacto limitado com colegas de profissão”.
Estudos recentes sugerem, ainda, que os jornalistas se sentem “desgastados” por teremdeenfrentar, repetidamente, dilemas éticos. No entanto, outros vêem a independência como uma vantagem para o seu compromisso deontológico, visto que podem, mais facilmente, recusar pedidos de editores.
Jenni Gritters, jornalista sediada em Seattle, trabalha, actualmente, como“freelancer”, mas tem já experiência em redacção. Gritters admitiu que trabalhar em regime de “freelance” é, particularmente, exigente, visto que a relação que estabelece com a direcção dos jornais é temporária e, facilmente, descartável.
Aquela repórter diz saber que os editores não têm muito tempo para dedicar às peças dos “freelancers” e que, por isso, tendem a contratar pessoas com as quais é fácil trabalhar e que têm uma grande taxa de sucesso nas reportagens. Assim, Gritters evita colocar questões de ética, e depende, muitas vezes, do seu próprio agelizamento.
Além disso, diferentes publicações abordam as questões éticas de maneiras distintas, o que significa que os “freelancers” são obrigados a praticar um certo “malabarismo” com diferentes códigos ao mesmo tempo.
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O mês de Maio tem sido negro para os jornalistas, com o assassinato de quatro mulheres jornalistas em apenas sete dias.
Conforme apontou o “Guardian”, dois dos homicídios ocorreram no México, um dos países mais perigosos para o exercício jornalístico. As vítimas foram Yesenia Mollinedo Falconi e Sheila Johana García Olivera, do “site” “El Veraz”.
Semanas antes da sua morte, Yesenia Mollinedo Falconi, havia recebido ameaças de morte, na sequência das suas investigações sobre crime e corrupção. Ainda assim, aquela jornalista estava confiante de que não corria perigo.
Dois dias após a morte das profissionais mexicanas, foi noticiada outra tragédia: o assassinato de Shireen Abu Akleh, uma correspondente da Al Jazeera, que acompanhava o conflito israelo-árabe há vários anos.
O Alto Comissariado para os Direitos Humanos da ONU mostrou-se “chocado” com a morte deste profissional e exigiu, entretanto, uma “investigação independente e transparente” sobre o sucedido.
Também a directora-geral da Unesco, Audrey Azoulay, se juntou no apelo a uma “investigação completa” à morte da jornalista.
“O assassinato de uma jornalista claramente identificada, numa zona de conflito, é uma violação do direito internacional“, disse Azoulay em comunicado, pedindo uma investigação para levar “os responsáveis à justiça”.
No dia a seguir, ficou conhecido o homicídio da jornalista colombiana Francisca Sandoval, morta durante a cobertura noticiosa de uma manifestação.
Na Polónia, várias empresas mediáticas começaram a lançar produtos noticiosos em ucraniano, como forma de responder às necessidades dos três milhões de refugiados que chegaram ao país desde o início da guerra.
Conforme apontou o “Nieman Lab”, a Agência Noticiosa Polaca (Polska Agencja Prasowa, ou PAP) foi uma das primeiras organizações a partilhar artigos em ucraniano, graças a uma equipa de cinco jornalistas, que têm vindo a dedicar-se à tradução e produção de conteúdos.
Este serviço em ucraniano foi criado em apenas uma semana, e publica artigos diários sobre a invasão da Ucrânia.
“Esta guerra mudou tudo”, disse Jaros?aw Junko, coordenador dos serviços ucraniano e russo daquela agência noticiosa. “Todos os ‘sites’ informativos polacos de renome começaram a oferecer produtos em ucraniano. Esta é uma mudança importante, e mostra que a Polónia está a respeitar os ‘vizinhos’ que chegam ao país”.
Agora, a PAP quer expandir a editoria ucraniana, passando a incluir conteúdos sobre apoio legal, e ajuda económica para refugiados.
Outra das publicações que apostou em conteúdos ucranianos foi a “Onet” que, agora, partilha dez artigos diários sobre o conflito e, ainda, sobre a adaptação à vida na Polónia.
“Fazemos o nosso melhor para sermos um guia sobre a vida neste país”, explicou Kamil Turecki, coordenador da “Onet”.
Também o Grupo RMF decidiu ajudar esta causa, lançando uma nova estação de rádio em ucraniano, com frequências nas cidades fronteiriças de Przemysl e Hrubieszow.
Os ciberataques passaram a fazer parte da paisagem mediática portuguesa. Depois do Grupo Impresa ter sido seriamente afectado, juntamente com a Cofina, embora esta em menor grau de exposição, chegou a vez do Grupo Trust in News, que detém o antigo portfólio de revistas de Balsemão, como é o caso do semanário “Visão”.
Outras empresas foram igualmente visadas, em maior ou menor escala, desde a multinacional Vodafone aos laboratórios Germano de Sousa.
Não cabe neste espaço qualquer comentário especializado a tal respeito, mas não nos isentamos de manifestar uma profunda preocupação relativamente à continuidade - e aparente impunidade - destes actos ilegais, que estão a pôr a nu as vulnerabilidades dos sistemas e redes, tanto públicos como privados.
Recorde-se que este site do Clube Português de Imprensa já foi alvo, também, de intrusões pontuais que bloquearam a sua actualização regular, o que voltou a acontecer, embora de uma forma indirecta, como consequência da inoperacionalidade do operador de telecomunicações atingido.
Oxalá estes ataques de “hackers”, já com um carácter mais “profissional”, tenha contribuído para alertar os especialistas e as autoridades competentes em cibersegurança no sentido de adoptarem as medidas de protecção que se impõem.
As fragilidades ficaram bem à vista.