A era digital e a revolução tecnológica vieram alterar o panorama do jornalismo. Se, anteriormente, os jornalistas apenas tinham de preocupar-se com o conteúdo produzido na redacção onde trabalhavam, hoje, terão de manter-se competitivos com outras plataformas, e escrever com base nos artigos de outros jornais.
Muitos jornalistas, da chamada “velha guarda”, ainda não conseguiram adaptar-se à nova realidade, e continuam a depender de uma cultura profissional baseada num jornalismo linear e sequencial, o que impede, por vezes, a tão desejada diversidade dos formatos de apresentação informativa.
O jornalista Carlos Castilho, especializado em “media” digitais, escreveu um artigo para o “Observatório da Imprensa”, no qual reflecte sobre a urgência de adaptação aos novos modelos.
De acordo com Castilho, hoje, o jornalismo tende a ser praticado num conjunto de plataformas integradas, onde o sucesso de uma depende do êxito das demais. As novas tecnologias de informação e da comunicação geraram, igualmente, uma violenta concorrência pela atenção dos leitores.
A narrativa jornalística, antes submetida a uma “camisa de forças”, pelas limitações das tecnológicas, pode, agora, assumir diferentes formas. Alguns projectos jornalísticos já exploram, inclusive, a apresentação de dados, factos e eventos em formato de jogos “online”.
Da mesma forma, o jornalista deixou de ser a referência exclusiva em matéria de desenvolvimento de narrativas. Actualmente, os profissionais estão condicionados por novos actores nos processos informativos, entre os quais programadores, gestores de redes sociais e produtores de conteúdo multimédia. Todos esses agentes passaram a interferir, directa ou indirectamente, no desenvolvimento de um discurso jornalística, limitando o papel do repórter ou editor.
A herança da era analógica do jornalismo levou muita “boa gente” a apostar, inocentemente, na integração de redes sociais, no “site” dos “media”, afirma Castilho. O objectivo era conduzir o público do Facebook a conteúdos noticiosos, mas a iniciativa fracassou.
Muitos jornais acharam, que se incorporassem o Facebook à sua plataforma de publicação de notícias, o fluxo de visitantes aumentaria. O esquema não funcionou, visto que as partes envolvidas estavam mais interessadas em captar leitores, do que numa cooperação editorial. Além disso, estava em causa a questão financeira e a divisão da faturação publicitária.
Para produzirem notícias e disputarem a atenção do público, os editores devem, agora, montar uma página “web”, criar uma conta no Twitter, ter um conta no Facebook e no YouTube. A notícia deverá ser distribuída entre plataformas, em versões diferentes, para aproveitar as vantagens disponibilizadas por cada uma delas. Assim, o exercício do jornalismo na era digital tende a ser mais complexo, visto que as notícias já não são lineares.
Se, por um lado, a complexidade noticiosa vai exigir muita sensibilidade social e capacidade de ligar informações, por outro, o resultado do trabalho dos profissionais envolvidos na produção de uma notícia terá a capacidade de gerar um envolvimento muito maior do que na era do papel.
Os directores de informação de todos os principais “media” nacionais subscreveram um documento conjunto, em que criticaram a vigilância policial exercida sobre jornalistas.
Num documento onde se invocaram os artigos da Constituição que protegem a Liberdade de Imprensa, assim como as leis que a tutelam e o Estatuto do Jornalista, os responsáveis editoriais insurgiram-se contra o comportamento de magistrados do Ministério Público, que não passou pelo crivo de qualquer magistrado judicial.
O documento foi enviado ao Presidente da República, presidente da Assembleia da República, assim como aos presidentes da 1ª Comissão da AR e aos diferentes Grupos Parlamentares, presidentes do Tribunal Constitucional, Supremo Tribunal de Justiça e Conselho Superior da Magistratura, além da Procuradora-Geral da República, Provedora de Justiça e Bastonário da Ordem dos Advogados.
O texto integral subscrito pelos directores de informação é do seguinte teor:
O dia da tomada de posse é considerado um dos maiores eventos mediáticos nos Estados Unidos. Por esta ocasião, correspondentes de todos os cantos do país viajam para Washington D. C para captarem a primeira fotografia oficial no novo Presidente e relatarem os passos da cerimónia.
O Instituto Poynter ressalvou, contudo, que, este ano, alguns “media” norte-americanos desviaram as atenções de Joe Biden para se focarem na primeira mulher a ocupar o cargo de vice-presidente: Kamala Harris.
Assim, muitos jornais regionais quiseram certificar-se de que tanto Biden, como Harris, tinham fotografias na primeira página.
O jornal local “San Francisco Chronicle”, por exemplo, deu destaque a Harris e ao segundo cavalheiro, Douglas Emhoff, ao colocar uma foto de ambos no topo da capa.
O mesmo aconteceu com os jornais do Grupo Hearst, no Estado do Connecticut.
De acordo com Wendy Metcalfe, responsável pela empresa de “media”, esta escolha foi feita para reflectir “o sentimento da comunidade”.
O “Tampa Bay Times”, por sua vez, dedicou toda a primeira página à presidência Biden/Harris.
Ao completar 40 anos de actividade ininterrupta o CPI – Clube Português de Imprensa tem um histórico de que se orgulha. Foi a 17 de dezembro de 1980 que um grupo de entusiastas quis dar forma a um projecto inédito no associativismo do sector.
Não foi fácil pô-lo de pé, e muito menos foi cómodo mantê-lo até aos nossos dias, não obstante a cultura adversarial que prevalece neste País, sempre que surge algo de novo que escapa às modas em voga ou ao politicamente correcto.
O Clube cresceu, foi considerado de interesse público; inovou ao instituir os Prémios de Jornalismo, atribuídos durante mais de duas décadas; promoveu vários ciclos de jantares-debate, pelos quais passaram algumas das figuras gradas da vida nacional; editou a revista Cadernos de Imprensa; teve programas de debate, em formatos originais, na RTP; desenvolveu parcerias com o CNC- Centro Nacional de Cultura, Grémio Literário, e Lusa, além de outras, com associações congéneres estrangeiras prestigiadas, como a APM – Asociacion de la Prensa de Madrid e Observatório de Imprensa do Brasil.
A convite do CNC, o Clube juntou-se, ainda, à Europa Nostra para lançar, conjuntamente, o Prémio Europeu Helena Vaz da Silva para a Divulgação do Património Cultural, instituído pela primeira vez em 2013, em, homenagem à jornalista, que respirava Cultura, cabendo-lhe o mérito de relançar o Centro e dinamizá-lo com uma energia criativa bem testemunhada por quem a acompanhou de perto.
Mais recentemente, o Clube lançou os Prémios de Jornalismo da Lusofonia, em parceria com o jornal A Tribuna de Macau e a Fundação Jorge Álvares, procurando preencher um vazio que há muito era notado.
Uma efeméride “redonda” como esta que celebramos é sempre pretexto para um balanço. A persistência teve as suas recompensas, embora, hoje, os jornalistas estejam mais preocupados com a sua subsistência num mercado de trabalho precário, do que em participarem activamente no associativismo do sector.
Sabemos que esta realidade não afecta apenas o CPI, mas a generalidade das associações, no quadro específico em que nos inserimos. Seriam razões suficientes para nos sentarmos todos à mesa, reunindo esforços para preparar o futuro.
Com este aniversário do CPI fica feito o convite.
A Direcção