A China e a Rússia utilizam técnicas de controlo de informação invasivos, desde as comunicações privadas dos cidadãos à censura.
O uso de sistemas tecnológicos autoritários, por actores estatais, com o objectivo de diminuir os direitos humanos fundamentais dos cidadãos é algo que ultrapassa todos os limites.
Valentin Weber, do Programa de Bolsas de Estudo de Controlo de Informações do Fundo Aberto de Tecnologia, decidiu realizar uma análise sistemática dos seus drivers e obteve sintomáti cos resultados.
Através da pesquisa, Valentin descobriu que, até ao momento, mais de cem países compraram, imitaram ou receberam treino em controlo de informação da China e da Rússia.
Verificou, ainda, casos de países cujos objectivos de controlo e monitorização da informação são semelhantes, como a Venezuela, o Egipto e Myanmar.
Na lista surgiram, também, países possivelmente menos suspeitos, nos quais a conectividade se está a expandir, como Sudão, Uganda e Zimbábue; várias democracias ocidentais, como Alemanha, França e Holanda; e até mesmo pequenas nações como Trinidad e Tobago.
“Ao todo, foram detectados 110 países com tecnologia de vigilância ou censura importada da Rússia ou da China”, refere o artigo da OpenTechnology Fund, publicado no Global Investigative Journalism Network.
Valentin Weber investigou a difusão dos métodos de controlo e técnicas de informação russos e chineses, através de pesquisas de open source e da análise de vários indicadores.
“Com base nos dados empíricos colectados, Valentin encontrou os controlos de informação russos e chineses espalhados com mais frequência em países com regimes híbridos ou autoritários, particularmente aqueles com laços com a China ou a Rússia.”
“A proximidade geográfica não foi determinante como variável primária para apurar se o tipo de controlo era susceptível de contaminar outro país; em vez disso, o tipo de regime e a extensão da interconectividade entre o país e a Rússia ou a China explicaram melhor porque a difusão ocorreu. As relações bilaterais económicas, políticas, históricas e sociais ajudaram significativamente a explicar por que os controlos de informação chineses e russos eram mais propensos a espalhar-se mais em certos países do que noutros”.
"Tecnosferas" russas e chinesas é o nome dado por Valentim ao resultado dessa difusão. Politicamente, a proliferação do controlo reforça e normaliza as ideologias de regimes autocráticos, como China e Rússia.
As ferramentas importadas da Rússia e da China são sofisticadas - câmaras de CFTV, com tecnologia de reconhecimento facial, cartões de identificação nacionais inteligentes e bancos de dados inteligentes para governos.
Este tipo de controlo levanta implicações substanciais para a liberdade de expressão, a liberdade de imprensa e os direitos humanos em todo o mundo, devido ao número e à diversidade de países que importam e utilizam essas formas de controlo de informação.
O relatório completo de Valentin Weber, The Worldwide Web of Chinese and Russian Information Controls, está disponível em inglês, chinês e russo.
O Auditório 3 da Fundação Calouste Gulbenkian acolheu novamente a cerimónia de entrega do Prémio Europeu Helena Vaz da Silva para a Divulgação do Património Cultural, atribuído , este ano, a Fabiola Gianotti, cientista italiana em Física de partículas e primeira mulher nomeada directora-geral do Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear (CERN), por ter contribuido para a divulgação da cultura científica de uma forma atractiva e acessível.
Este Prémio Europeu, instituído em 2013 pelo Centro Nacional de Cultura (CNC) em cooperação com a Europa Nostra e o Clube Português de Imprensa (CPI) recorda a jornalista portuguesa, escritora, activista cultural e política (1939 – 2002), e a sua notável contribuição para a divulgação do património cultural e dos ideais europeus.
É atribuído anualmente a um cidadão europeu, cuja carreira se tenha distinguido pela difusão, defesa, e promoção do património cultural da Europa, quer através de obras literárias e musicais, quer através de reportagens, artigos, crónicas, fotografias, cartoons, documentários, filmes de ficção e programas de rádio e/ou televisão.
O Prémio conta com o apoio do Ministério da Cultura, da Fundação Calouste Gulbenkian e do Turismo de Portugal.
Medidas para promover e preservar o jornalismo na União Europeia
O actual desenvolvimento dos meios de comunicação social europeus apresenta várias oportunidades para os cidadãos e para as empresas, mas igualmente muitos riscos.
Existem vários desafios no presente e, certamente, mais surgirão no futuro.
A liberdade de expressão e a liberdade de imprensa estão seriamente ameaçadas em muitas partes da Europa, e, consequentemente, também, os direitos dos cidadãos e o papel central do jornalismo nas democracias está ameaçado.
“Devemos estar conscientes de que a evolução da actividade jornalística pode comprometer a sustentabilidade dos meios de comunicação social do sector privado e, por conseguinte, a maior parte do investimento no jornalismo profissional independente em todo o continente”, referem as conclusões do relatório publicado no site do Reuters Institute, no qual se resumem algumas das principais questões que o jornalismo e os meios de comunicação social enfrentam na Europa .
Este site do Clube, lançado em Novembro de 2016, e com actividade regular desde então, tem-se afirmado tanto como roteiro do que acontece de novo na paisagem mediática, como ainda no aprofundamento do debate sobre as questões mais relevantes do jornalismo, além do acompanhamento e divulgação das iniciativas do CPI.
O resultado deste esforço tem sido notório, com a fixação de um crescente número de visitantes, oriundos de uma alargada panóplia de países, com relevo para os de língua portuguesa, facto que é muito estimulante e encorajador.