A análise e a autocrítica são um ponto fulcral do trabalho jornalístico, principalmente para manter a confiança dos leitores, independentemente do formato ou do suporte da publicação.
Assim, surge a necessidade de criar espaços interactivos de forma a auxiliar a produção jornalística através de uma “inspecção” regular, sendo importante manter a interacção com os leitores, os profissionais da área e outros sectores que consideram o jornalismo relevante.
As primeiras iniciativas de crítica editorial surgiram nos Estados Unidos. Sob a designação de newsombudsman, a figura do provedor tomou lugar nos jornais Louisville Courier Journal e Louisville Times, no estado de Kentucky, em 1967.
No Brasil, o primeiro ombudsman apareceu em 1989, no jornal Folha de S. Paulo. Desde 1989, o Brasil passou por muitas situações que tiveram um grande impacto na vida das pessoasnos, cabendo ao jornalismo relatar esses acontecimentos.
A partir dos anos 90, outros jornais diários começaram a implementar a análise sistemática da produção jornalística, como foi o caso do Correio da Paraíba, O Povo, Diário do Povo, A Notícia (1995/1997), Jornal da Manhã (2007/2011).
Também os sites, os periódicos semanais, mensais e revistas adoptaram o conceito de ter espaço regular dedicado à crítica, como ombudsman ou em outros formatos, como o conselho de leitores.
Apesar de celebrar trinta anos nos jornais diários brasileiros, a figura e o espaço dedicado ao ombudsman já só existe em dois jornais: a Folha de S.Paulo e O Povo.
O jornalista e Professor Sérgio Luiz Gadini escreveu um artigo sobre o tema no site do Observatório da Imprensa do Brasil, com o qual o CPI mantém um acordo de parceria.
Num momento de reavaliação da função, foi publicadoo ensaio “Ombudsman no jornalismo brasileiro”, um livro organizado por Sérgio Luiz Gadini e Elaine Javorski, antigos provedoresdo Jornal da Manhã.
Juliana Rosas, autora de um capítulo na colectânea, considera que jornalismo brasileiro, apesar de se querer mostrar “accountable”, “não quer ser transparente”, motivo pelo qual não mantém de forma regular o espaço crítico.
Paula Cesarino Costa defende que “o cargo de ombudsman continua a ser importante na busca por uma imprensa melhor, mas também precisa de enfrentar o desafio de se reinventar perante o jornalismo digital e a comunicação directa, proporcionadas pelas redes sociais”.
O autor do texto conclui que o mais difícil é constatar que três décadas depois da sua implementação, os gestores dos media não percebam que o papel do ombudsman é fundamental em qualquer área profissional e dificilmente seria diferente no jornalismo.
Em Portugal, a função de provedor dos leitores, também caíu em desuso e está praticamente em vias de extinção.
Mais informação em Observatório da Imprensa.
Os directores de informação de todos os principais “media” nacionais subscreveram um documento conjunto, em que criticaram a vigilância policial exercida sobre jornalistas.
Num documento onde se invocaram os artigos da Constituição que protegem a Liberdade de Imprensa, assim como as leis que a tutelam e o Estatuto do Jornalista, os responsáveis editoriais insurgiram-se contra o comportamento de magistrados do Ministério Público, que não passou pelo crivo de qualquer magistrado judicial.
O documento foi enviado ao Presidente da República, presidente da Assembleia da República, assim como aos presidentes da 1ª Comissão da AR e aos diferentes Grupos Parlamentares, presidentes do Tribunal Constitucional, Supremo Tribunal de Justiça e Conselho Superior da Magistratura, além da Procuradora-Geral da República, Provedora de Justiça e Bastonário da Ordem dos Advogados.
O texto integral subscrito pelos directores de informação é do seguinte teor:
O dia da tomada de posse é considerado um dos maiores eventos mediáticos nos Estados Unidos. Por esta ocasião, correspondentes de todos os cantos do país viajam para Washington D. C para captarem a primeira fotografia oficial no novo Presidente e relatarem os passos da cerimónia.
O Instituto Poynter ressalvou, contudo, que, este ano, alguns “media” norte-americanos desviaram as atenções de Joe Biden para se focarem na primeira mulher a ocupar o cargo de vice-presidente: Kamala Harris.
Assim, muitos jornais regionais quiseram certificar-se de que tanto Biden, como Harris, tinham fotografias na primeira página.
O jornal local “San Francisco Chronicle”, por exemplo, deu destaque a Harris e ao segundo cavalheiro, Douglas Emhoff, ao colocar uma foto de ambos no topo da capa.
O mesmo aconteceu com os jornais do Grupo Hearst, no Estado do Connecticut.
De acordo com Wendy Metcalfe, responsável pela empresa de “media”, esta escolha foi feita para reflectir “o sentimento da comunidade”.
O “Tampa Bay Times”, por sua vez, dedicou toda a primeira página à presidência Biden/Harris.
Ao completar 40 anos de actividade ininterrupta o CPI – Clube Português de Imprensa tem um histórico de que se orgulha. Foi a 17 de dezembro de 1980 que um grupo de entusiastas quis dar forma a um projecto inédito no associativismo do sector.
Não foi fácil pô-lo de pé, e muito menos foi cómodo mantê-lo até aos nossos dias, não obstante a cultura adversarial que prevalece neste País, sempre que surge algo de novo que escapa às modas em voga ou ao politicamente correcto.
O Clube cresceu, foi considerado de interesse público; inovou ao instituir os Prémios de Jornalismo, atribuídos durante mais de duas décadas; promoveu vários ciclos de jantares-debate, pelos quais passaram algumas das figuras gradas da vida nacional; editou a revista Cadernos de Imprensa; teve programas de debate, em formatos originais, na RTP; desenvolveu parcerias com o CNC- Centro Nacional de Cultura, Grémio Literário, e Lusa, além de outras, com associações congéneres estrangeiras prestigiadas, como a APM – Asociacion de la Prensa de Madrid e Observatório de Imprensa do Brasil.
A convite do CNC, o Clube juntou-se, ainda, à Europa Nostra para lançar, conjuntamente, o Prémio Europeu Helena Vaz da Silva para a Divulgação do Património Cultural, instituído pela primeira vez em 2013, em, homenagem à jornalista, que respirava Cultura, cabendo-lhe o mérito de relançar o Centro e dinamizá-lo com uma energia criativa bem testemunhada por quem a acompanhou de perto.
Mais recentemente, o Clube lançou os Prémios de Jornalismo da Lusofonia, em parceria com o jornal A Tribuna de Macau e a Fundação Jorge Álvares, procurando preencher um vazio que há muito era notado.
Uma efeméride “redonda” como esta que celebramos é sempre pretexto para um balanço. A persistência teve as suas recompensas, embora, hoje, os jornalistas estejam mais preocupados com a sua subsistência num mercado de trabalho precário, do que em participarem activamente no associativismo do sector.
Sabemos que esta realidade não afecta apenas o CPI, mas a generalidade das associações, no quadro específico em que nos inserimos. Seriam razões suficientes para nos sentarmos todos à mesa, reunindo esforços para preparar o futuro.
Com este aniversário do CPI fica feito o convite.
A Direcção