O panorama mediático francês, que tem dado provas, nos últimos anos, de capacidade de inovação, aguarda proximamente três novos semanários de informação. O primeiro a aparecer será Ebdo, anunciado para 12 de Janeiro. O segundo, intitulado Vraiment, é esperado em Março. Por último, e ainda sem título definido, a editora Bayard vai lançar, em Novembro, um hebdomadário no terreno do conhecido diário católico La Croix.
Anunciado desde o Verão de 2017, Ebdo é apresentado - segundo Les Clés da la Presse, que aqui citamos - “como um ovni jornalístico, sem publicidade, um produto radicalmente diferente da oferta existente, construído em torno de uma relação estreita com os seus leitores”.
“São estes que se encontram no coração do projecto, que devem irrigar a redacção e estar em inter-acção costante com ela. O jornalista de Ebdo vive entre os seus leitores, discute e trabalha com eles.”
O projecto parte de Laurent Beccaria, das Editions les Arènes, e Patrick de Saint-Exupéry, que foi grande repórter em Le Figaro.
Vraiment, o mais recente a ser conhecido, parte de “um colectivo de jornalistas e empresários” - Jules Lavie, jornalista que vem de France.info, e Julien Mendez e Julie Morel, que foram consultores no Ministério francês de Economia e Finanças.
Afirma-se numa linha de jornalismo de qualidade, “longe do fluxo permanente da actualidade em contínuo, aberto ao seu tempo e aos seus leitores”, e tendo cono referências principais The Economist e The New York Times.
Por último, a revista da editora Bayard Presse, revelada em Novembro pelo seu presidente directivo, Pascal Ruffenach, “não tem ainda nome, mas a marca de La Croix estará forçosamente presente; vai reconhecer-se nele a visão do mundo transportada pelo nosso diário.”
A nova revista poderá ser adquirida aos fins de semana, ou juntamente com La Croix ou por si só.
Mais informação em Les Clés de la Presse
Em Outubro de 2017, a jornalista Daphne Caruana Galizia, que investigava as ligações políticas perigosas da corrupção na ilha de Malta, foi morta num atentado à bomba. Hoje, uma equipa de 45 jornalistas, de 18 órgãos de comunicação de todo o mundo, está a trabalhar no Projecto Daphne, uma série de artigos que possam completar a sua investigação. Este projecto inscreve-se na missão de Forbidden Stories, cujo fundador, o realizador francês Laurent Richard, reafirmou em artigo recente em The Guardian: “Vocês mataram o mesageiro, mas não conseguirão matar a mensagem.”
O combate à desinformação online tornou-se o tema incontornável de todos os encontros de jornalistas. Mas um dos painéis realizados na mais recente edição do Festival Internacional de Jornalismo, em Perugia, Itália, escutou intervenções que sugerem uma atitude menos confrontacional. A ideia é que resulta melhor investir num jornalismo de investigação no terreno, mesmo que tome mais tempo, do que tentar a batalha sempre perdida de aguentar o ritmo de produção das grandes máquinas de propaganda. Falaram neste sentido vozes experimentadas, de jornalistas como Galina Timchenko, russa, fundadora e directora do website Meduza, e Natalia Anteleva, georgiana, co-fundadora e editora de Coda Story.
Este site do Clube Português de Imprensa nasceu em Novembro de 2015. Poderia ter sido lançado, como outros congéneres, apenas com o objectivo de ser um espaço informativo sobre as actividades prosseguidas pelo Clube e uma memória permanente do seu histórico de quase meio século . Mas foi mais ambicioso.
Nestes dois anos decorridos quisemos ser, também, um espaço de reflexão sobre as questões mais prementes que se colocam hoje aos jornalistas e às empresas jornalísticas, perante a mudança de paradigma, com efeitos dramáticos em não poucos casos.
Os trabalhos inseridos e arquivados neste site constituem já um acervo invulgar , até pela estranha desatenção com que os media generalistas seguem o fenómeno, que está a afectá-los gravemente e do qual serão, afinal, as primeiras vítimas.