Um ano depois de ter sido nomeado director-adjunto, Arthur Gregg Sulzberger assume o cargo de director de The New York Times. O jovem, com 37 anos, é o sexto membro de uma dinastia familiar à frente do famoso diário nova-iorquino. Chega num momento em que as receitas da publicidade impressa estão em queda, mas os assinantes chegam aos 3,5 milhões (2,5 milhões só no digital). O seu objectivo é ultrapassar os dez milhões nos próximos anos e continuar a manter, durante muito tempo, a edição em papel.
Durante o mandato do seu pai, Arthur Ochs Sulzberger Jr., agora retirado, The New York Times obteve 60 Prémios Pulitzer, quase o dobro dos que recebeu na era do avô.
Numa entrevista a The New Yorker, AG Sulzberger garante que, mesmo antes de serem conhecidos os resultados das eleições presidenciais, já o NYT estava a crescer no número dos seus assinantes. Depois disso tem beneficiado do chamado Trump Bump - um efeito deliberado de procura do jornal mais hostilizado pelo novo Presidente.
“O desaparecimento dos dólares da publicidade impressa e um ‘bolo’ publicitário digital cada vez mais reduzido têm sido chaves na decisão do Times de apostar, desde há três anos, no modelo ‘primeiro os assinantes’. Sulzberger garante que, no momento de maior apogeu da publicidade, os anúncios representavam 80% da receita do diário, enquanto agora dois terços dela vêm dos seus assinantes.”
“No entanto, o novo director do diário confia em que a edição impressa dure ainda muito tempo. Um milhão de leitores leais têm demonstrado que a leitura em papel não é incompatível com o uso de dispositivos móveis, a que se pode acrescentar que este produto ‘é rentável todos os dias da semana, mesmo sem um único anúncio’.” (...)
“Segundo o herdeiro do Times, o valor do controlo familiar reflecte-se na possibilidade de planear estratégias que têm efeito nas décadas ou mesmo gerações seguintes, em lugar de viver debaixo da tirania dos resultados trimestrais. Os seus jornalistas são os que mais beneficiam de uma política que garante uma estabilidade de salários para os próximos anos e a segurança de que contarão com os recursos suficientes para trabalhar numa única reportagem durante meses.”
Mais informação em Media-tics
Os jornalistas devem manter-se fiéis aos valores de ética e deontologia, reconhecendo a importância do seu trabalho para a vida democrática, e lutando para melhorar as condições de trabalho no sector mediático, considerou Miguel Ormaetxea num texto publicado no “site” Media-Tics.
Conforme apontou Ormaetxea, o jornalismo em Espanha está a enfrentar um período difícil, uma vez que, de forma a conseguirem emprego, os profissionais dos “media” aceitam escrever peças de pouco interesse, limitando-se a partilhar informações superficiais “ad nauseam”.
Além disso, continuou o autor, os profissionais espanhóis parecem ir todos atrás das mesmas histórias, resultando em bancas de jornais repletas de “manchetes” semelhantes e, por vezes, contraditórias.
Perante este cenário, Ormaetxea pede aos jornalistas que contrariem o “status quo”, deixando de sucumbir às vontades de grandes empresários de “media”, que “só sabem demitir, cortar salários e despesas”.
Até porque, de acordo com o articulista, a sobrevivência do jornalismo depende do investimento em “ qualidade, em inovação, em novas tecnologias, e em talento''.
Neste sentido, Ormaetxea considera essencial que os jornalistas deixem, também, de aceitar as exigências do governo, que promovem conferências de imprensa sem a possibilidade de intervenção dos repórteres, o que representa um ataque à liberdade de imprensa.
Da mesma forma, o autor recorda que os profissionais dos “media” devem parar de arriscar a sua vida “em troca de uns tostões”, e de “peças mal amanhadas”.
A instabilidade política e social na Venezuela levou muitos jornalistas a radicaram-se em países vizinhos, como forma de garantir a sua segurança e subsistência financeira.
Foi esse o caso de Pierina Sora, uma jornalista de Caracas que, em 2018, se mudou para o Peru. No entanto, esta profissional continua a informar os cidadãos venezuelanos, lutando pela liberdade de imprensa, conforme explicou em entrevista ao “Observatório da Imprensa”, com o qual o CPI mantém um acordo de parceria.
De acordo com Sora, a Venezuela está, de momento, a “atravessar uma complexa crise humanitária”, que levou muitos outros cidadãos a seguirem o seu exemplo, e a mudarem-se para o Peru.
Foi perante este cenário que Sora decidiu criar o projecto “Cápsula Migrante”, um “site” lançado em Maio de 2020, no contexto da crise pandémica, com o objectivo de apoiar “a comunidade migrante”.
Este projecto serve, também, como alternativa aos cidadãos que continuam na Venezuela, e que têm dificuldade em aceder a jornalismo de qualidade, devido às restrições impostas pelo governo.
Tal como explicou Sora, as dificuldades na Venezuela verificam-se tanto a nível de ataques físicos aos colaboradores dos “media”, como na restrição do acesso ao papel para imprimir jornais, e, ainda, no bloqueio da internet.
Assim, o “Cápsula Migrante”, juntamente com outros projectos de jornalismo local e hiperlocal, tem tentado “dedicar-se às comunidades”, dando-lhes poder através da “informação de qualidade”.
Os ciberataques passaram a fazer parte da paisagem mediática portuguesa. Depois do Grupo Impresa ter sido seriamente afectado, juntamente com a Cofina, embora esta em menor grau de exposição, chegou a vez do Grupo Trust in News, que detém o antigo portfólio de revistas de Balsemão, como é o caso do semanário “Visão”.
Outras empresas foram igualmente visadas, em maior ou menor escala, desde a multinacional Vodafone aos laboratórios Germano de Sousa.
Não cabe neste espaço qualquer comentário especializado a tal respeito, mas não nos isentamos de manifestar uma profunda preocupação relativamente à continuidade - e aparente impunidade - destes actos ilegais, que estão a pôr a nu as vulnerabilidades dos sistemas e redes, tanto públicos como privados.
Recorde-se que este site do Clube Português de Imprensa já foi alvo, também, de intrusões pontuais que bloquearam a sua actualização regular, o que voltou a acontecer, embora de uma forma indirecta, como consequência da inoperacionalidade do operador de telecomunicações atingido.
Oxalá estes ataques de “hackers”, já com um carácter mais “profissional”, tenha contribuído para alertar os especialistas e as autoridades competentes em cibersegurança no sentido de adoptarem as medidas de protecção que se impõem.
As fragilidades ficaram bem à vista.