A estação Al-Jazeera está “longe de ser perfeita”, e a sua política continua controversa, mas “as sociedades árabes beneficiam por terem uma diversidade de vozes debatendo os temas actuais”. “Fechar qualquer empresa noticiosa enfraquece a viabilidade de uma Imprensa livre - em especial numa região onde a democracia tem tanta dificuldade em consolidar-se.” Esta reflexão é de Philip Seib, docente de Jornalismo e Relações Internacionais na Universidade de Southern California, citada do European Journalism Observatory.
O autor começa por se declarar um estudioso e comentador do fenómeno Al-Jazeera desde o seu começo, o que o levou, em 2008, a publicar o livro The Al Jazeera Effect.
Philip Seib descreve a surpresa que causou na paisagem mediática árabe, quando foi fundada em 1996, oferecendo “uma cobertura relativamente não censurada da política na região”, um pouco à semelhança dos noticiários da BBC e da CNN.
Mais importante, quando aconteceu a Segunda Intifada (o levantamento Palestiniano de 2000 contra Israel), “as audiências árabes já não tinham de ligar para as estações ocidentais para obterem uma análise sobre o que estava a acontecer; em vez disso viam repórteres árabes cobrindo as notícias com uma inclinação pró-árabe”. (...)
“Em termos mais amplos, o canal tornou-se controverso devido à sua reportagem das guerras americanas no Afeganistão e no Iraque. O governo de George W. Bush considerou a sua cobertura inflamatória, pelo relevo atribuído às baixas civis nesses conflitos, com representantes oficiais acusando a Al-Jazeera de atiçar a oposição contra os esforços dos Estados Unidos na região.” (...)
Philip Seib explica, também, que, sendo embora muito crítica das classes dominantes na maior parte dos Estados árebes, a Al-Jazeera não faz a cobertura da família real do Qatar com o mesmo nível de investigação, sendo considerada, na prática, uma parte do “aparelho de política estrangeira do Qatar”. (...)
“A Arábia Saudita, o Bahrain e os Emirados Árabes Unidos sentiram-se especialmente contrariados com a Al-Jazeera e os seus proprietários do Qatar a partir das Primaveras Árabes de 2011. Eles consideraram a Al-Jazeera como favorável aos contestatários e entenderam que estava a soprar as labaredas da revolta que ameaçava as monarquias da região.”
Philip Seib afirma que a Al-Jazeera fez uma cobertura favorável à Irmandade Muçulmana (o que enfureceu o Presidente Abdel Fattah el-Sisi), e que é verdade que a sua reportagem tem “uma inclinação pró-Islamista”. Os adversários do Qatar dizem “que esta reportagem toma a forma de uma cobertura simpática não só da Irmandade Muçulmana, mas ainda de grupos ligados à Al-Qaeda na Síria e no Iemen”. (...)
Apesar de tudo, e em conclusão, o autor declara:
“O Médio Oriente tem problemas incontáveis, mas eles não vão ser resolvidos fazendo recuar uma já limitada liberdade de Imprensa.”
O artigo de Philip Seib, no European Journalism Observatory
Um ano depois do assassínio do jornalista eslocavo Jan Kuciak e da sua noiva, Martina Kusnirova, muitos milhares de manifestantes encheram as ruas de Bratislava, capital da Eslováquia, e de outras cidades do país. Os organizadores reafirmaram a exigência de uma investigação independente, e livre de interferência política, sobre o crime, que continua impune.
Kuciak , que investigava casos de corrupção, preparava-se para publicar documentos sobre uma presumível ligação entre políticos eslovacos e a máfia italiana, bem como sobre fraudes na utilização de fundos agrícolas europeus. A sua morte desencadeou uma crise política que levou à demissão do então primeiro-ministro, Robert Fico, e do seu governo.
Na manifestação em Kosice, a segunda cidade do país, falaram à multidão a mãe de Martina e o Presidente da Eslováquia, Andrej Kiska, que deu conta do estado das investigações, lamentando que as ligações entre os responsáveis não estejam ainda reveladas:
“Esperamos respostas tão breve quanto possível, porque ainda há muitas questões” - afirmou.Um fotojornalista português, Mário Cruz, da Agência Lusa, figura entre os nomeados para o World Press Photo 2019, o mais prestigiado prémio de fotojornalismo do mundo, cuja identidade e trabalhos a concurso foram agora conhecidos. A Fundação organizadora introduziu também uma nova categoria a ser premiada, a História do Ano, destinada a “fotógrafos cuja criatividade e habilidades visuais produziram uma história com excelente edição e sequenciamento, que captura ou representa um evento ou assunto de grande importância jornalística”.
A imagem de Mário Cruz, intitulada “Viver entre o que foi deixado para trás”, mostra uma criança recolhendo material reciclável, deitada num colchão cercado por lixo, enquanto flutua no rio Pasig, em Manila, nas Filipinas.
Os vencedores do concurso serão conhecidos na cerimónia marcada para 11 de Abril, em Amesterdão, na Holanda.
Lançado em Novembro de 2015, este site tem vindo a conquistar uma audiência crescente, traduzida no número de visitantes e de sessões e do tempo médio despendido. É reconfortante e encorajador, para um projecto concebido para ser um espaço de informação e de reflexão sobre os problemas que se colocam, de uma forma cada vez mais aguda, ao jornalismo e aos media.
Observa-se , aliás, ressalvadas as excepções , que a problemática dos media , desde a precariedade dos seus quadros às incertezas do futuro - quer no plano tecnológico quer no editorial - , raramente constitui tema de debate nas páginas dos jornais, e menos ainda nas suas versões online ou nos audiovisuais. É um assunto quase tabú.