Um dos maiores problemas, no jornalismo digital, é que as pessoas passaram a receber as notícias por meio das redes sociais, e acabam por ficar só com um pedaço, perdem o contexto e a visão de conjunto do que acontece. Por que não criar um jornal que possam imprimir em casa, publicado às dez da noite? Foi esta ideia que levou Vicent Partal, o director do jornal online catalão VilaWeb, a imaginar e propor aos seus assinantes este desdobramento da primeira edição.
Anunciada no final de Junho, a VilaWeb Paper é uma edição vespertina, que os leitores podem imprimir no conforto das suas casas, ou abrir no telemóvel ou no tablet. Ao contrário dos jornais tradicionais, não pode ser encontrado nos quiosques.
A VilaWeb Paper fica disponível às 22 horas, quando as pessoas estão em casa e têm tempo para ler. A ideia é destacar as chamadas slow news, “um noticiário muito mais elaborado”.
Segundo Vicent Partal, o número de textos que serão publicados nesta edição ainda está por decidir. Ele aponta para um jornal que não tenha mais de 24 páginas:
“Não se trata de um jornal impresso tradicional, mas eu acho que se uma pessoa tiver de imprimir mais do que 24 páginas, não é bom. Vamos incluir artigos de opinião, que são muito importantes para a VilaWeb, entrevistas, algumas reportagens e notícias mais pequenas, mas não as últimas do momento.” (...)
“Ao deixarmos que sejam as próprias pessoas a imprimir o seu jornal, estamos a contornar o problema da distribuição e estamos também a chegar às pessoas no exacto momento em que têm tempo para ler.”
Curiosamente, a ideia nasceu em conversas a respeito das fake news, do papel da Internet e do desafio que se coloca, aos jornais, de realçar “a qualidade da Imprensa, principalmente da digital”.
VilaWeb enveredou pelas assinaturas há três anos e tem neste momento 6.000 assinantes. Vicent Partal diz que está a procurar identificar o melhor modo de formar uma base forte neste espaço:
“Não precisamos de muitos, temos a esperança de chegar aos dez mil, talvez vinte mil, nos próximos três anos, porque isso iria mudar e simplificar o nosso modelo.”
“O jornalismo dirige-se a comunidades verdadeiras, de pessoas verdadeiras, portanto temos de ser parte delas, e ter instrumentos que deixem as pessoas ajudar-nos, mostrando-nos o que querem” - acrescenta.
O pior, para os assinantes do jornal, será o custo dos tinteiros das impressoras domésticas...
O artigo original, em Journalism.co.uk, que contém o link para o vídeo em que Vicent Partal conta, em inglês, a história de VilaWeb. Mais informação em Media-tics
Parece excessivo declarar que os repórteres são os heróis do nosso tempo, como vem no título do texto que aqui citamos. Quem o diz não é um jornalista, mas um historiador. E explica porquê, e de que repórteres está a falar. Trata-se daqueles que assumem riscos e perdem a vida para investigar a verdade do que sucede à nossa volta - e esse tipo de reportagem de investigação “é um pedacinho microscópico dessa coisa a que chamamos media”.
Os repórteres que “correm riscos pela verdade” fazem-no por todos nós, incluindo pelos soldados que vamos ou não enviar para a frente de batalha. O único modo de avaliarmos as guerras em que nos envolvemos é tendo repórteres “com a coragem e a capacidade de irem lá fazer reportagem”. Esta reflexão é do historiador norte-americano Timothy Snyder, que citamos da Global Investigative Journalism Network.
Pode acontecer que o melhor jornalismo nem seja o que é mais lido. Não gostamos de ouvir esta notícia, mas foi disto e de outras coisas parecidas que se falou no XXI Laboratorio de Periodismo da APM, o debate periódico sobre temas de actualidade que, na sua edição de Abril de 2017, teve por tema “O que lêem e o que não lêem os leitores”. O encontro decorreu na sede da Asociación de la Prensa de Madrid - com a qual mantemos um acordo de parceria - e foi moderado por Nemésio Rodríguez, vice-presidente da APM e actual presidente da FAPE – Federación de las Asociaciones de Periodistas de España.
Este site do Clube Português de Imprensa nasceu em Novembro de 2015. Poderia ter sido lançado, como outros congéneres, apenas com o objectivo de ser um espaço informativo sobre as actividades prosseguidas pelo Clube e uma memória permanente do seu histórico de quase meio século . Mas foi mais ambicioso.
Nestes dois anos decorridos quisemos ser, também, um espaço de reflexão sobre as questões mais prementes que se colocam hoje aos jornalistas e às empresas jornalísticas, perante a mudança de paradigma, com efeitos dramáticos em não poucos casos.
Os trabalhos inseridos e arquivados neste site constituem já um acervo invulgar , até pela estranha desatenção com que os media generalistas seguem o fenómeno, que está a afectá-los gravemente e do qual serão, afinal, as primeiras vítimas.