O “cartoonista” iraniano Alizera Pakdel, de 36 anos, foi distinguido com o Grande Prémio do World Press Cartoon 2017, com a imagem de um barco cheio de refugiados a afundar-se num oceanário, à vista indiferente dos visitantes. A tragédia e o terror, nas suas diversas formas, são temas fortes entre as mais de duas centenas e meia de trabalhos expostos. António Jorge Gonçalves foi o único português com direito a distinção, com o seu “Brexit”, feito para o jornal Público.
Tendo como director o conhecido “cartoonista” português António Antunes, e sendo realizada na terra onde produziu grande parte da sua obra outro famoso caricaturista, Rafael Bordalo Pinheiro, esta foi a 12.ª edição deste evento, que chega às Caldas da Rainha depois de ter passado por Sintra e Cascais e de não se ter realizado no ano passado devido a dificuldades financeiras.
Sobre a variedade dos trabalhos expostos, e segundo o DN, que aqui citamos:
“Há um Donald Trump em forma de Pato Donald. Há muitos outros ‘Trumps’ de outras formas. Também há terroristas, refugiados, vários políticos da União Europeia e caricaturas do futebolista Cristiano Ronaldo. Na exposição World Press Cartoon está um pouco de tudo o que aconteceu no nosso mundo ao longo do último ano, mas em forma de desenho. No total são quase 270 imagens, entre caricaturas, cartoons editoriais e desenhos de humor publicados na Imprensa mundial e selecionados por um júri entre as cerca de 500 imagens que concorreram.”
Os trabalhos vencedores foram seleccionados por um júri internacional de “cartoonistas”, que reuniu nas Caldas da Rainha em Abril, e que integrou, além do director do salão, o português António Antunes, Ross Thomson, da Grã-Bretanha, Hermenegildo Sábat, do Uruguai, Angel Boligán, do México, e Zoran Petrovic, da Alemanha.
Além do 1.º lugar atribuído a Alireza Pakdel, na categoria de Cartoon Editorial, o 2.º lugar foi atribuído a Mikhael Kountouris (da Grécia) e o 3.º ao francês Cost.
Na categoria de Desenho de Humor, o vencedor foi Toshow, da Sérvia, tendo os segundo e terceiro prémios sido atribuídos a Swen, da Suíça, e a Bonil, do Equador, respectivamente. Dois brasileiros, Fernandes e Baptistão, conquistaram respectivamente o 1.º e 2.º prémios na categoria de Caricatura, que atribuiu o 3.º lugar a Gio, da Itália.
Mais informação no Público e no Expresso, que publica uma galeria com a reprodução dos principais trabalhos premiados
Parece excessivo declarar que os repórteres são os heróis do nosso tempo, como vem no título do texto que aqui citamos. Quem o diz não é um jornalista, mas um historiador. E explica porquê, e de que repórteres está a falar. Trata-se daqueles que assumem riscos e perdem a vida para investigar a verdade do que sucede à nossa volta - e esse tipo de reportagem de investigação “é um pedacinho microscópico dessa coisa a que chamamos media”.
Os repórteres que “correm riscos pela verdade” fazem-no por todos nós, incluindo pelos soldados que vamos ou não enviar para a frente de batalha. O único modo de avaliarmos as guerras em que nos envolvemos é tendo repórteres “com a coragem e a capacidade de irem lá fazer reportagem”. Esta reflexão é do historiador norte-americano Timothy Snyder, que citamos da Global Investigative Journalism Network.
Pode acontecer que o melhor jornalismo nem seja o que é mais lido. Não gostamos de ouvir esta notícia, mas foi disto e de outras coisas parecidas que se falou no XXI Laboratorio de Periodismo da APM, o debate periódico sobre temas de actualidade que, na sua edição de Abril de 2017, teve por tema “O que lêem e o que não lêem os leitores”. O encontro decorreu na sede da Asociación de la Prensa de Madrid - com a qual mantemos um acordo de parceria - e foi moderado por Nemésio Rodríguez, vice-presidente da APM e actual presidente da FAPE – Federación de las Asociaciones de Periodistas de España.
Este site do Clube Português de Imprensa nasceu em Novembro de 2015. Poderia ter sido lançado, como outros congéneres, apenas com o objectivo de ser um espaço informativo sobre as actividades prosseguidas pelo Clube e uma memória permanente do seu histórico de quase meio século . Mas foi mais ambicioso.
Nestes dois anos decorridos quisemos ser, também, um espaço de reflexão sobre as questões mais prementes que se colocam hoje aos jornalistas e às empresas jornalísticas, perante a mudança de paradigma, com efeitos dramáticos em não poucos casos.
Os trabalhos inseridos e arquivados neste site constituem já um acervo invulgar , até pela estranha desatenção com que os media generalistas seguem o fenómeno, que está a afectá-los gravemente e do qual serão, afinal, as primeiras vítimas.