O ano que finda foi “desastroso” para a Imprensa espanhola. A queda nas vendas e no investimento publicitário “tornam praticamente inviáveis os principais meios”. Mesmo os dois grandes diários, El País e El Mundo, registavam em Novembro um retrocesso de cerca de 20%. “A única nota positiva é o importante crescimento das receitas no digital, que já representam 24% de todas as receitas pela publicidade.”
Segundo o mais recente relatório da AEDE – Asociación de Diarios Españoles, enquanto em 2015 se tinha verificado uma pequena subida de 3% nas receitas da publicidade, o ano de 2016 voltou a ser de queda. Os editores esperam fechar estas receitas em cerca de 561 milhões de euros, o que representa cerca de um quarto do que registaram em 2007, que foi acima dos dois mil milhões.
Apesar de uma importante contenção nos gastos de operação, os diários perderam 17,7 milhões de euros, comparando com os 1,3 milhões que tinham perdido no ano anterior. E a venda de exemplares voltou a cair 8%, até 652 milhões.
O presidente da AEDE, José Luis Sainz, embora admitindo várias causas para este descalabro, “algumas delas geradas por nós mesmos”, apontou o dedo ao “duopólio audiovisual cada vez mais reforçado” dos grandes meios digitais, como o Facebook e Twitter, que preferiram apostar na Internet e na televisão, advertindo que esta escolha “não corresponde a critérios de eficácia e rentabilidade comercial, tal como mostram os mais recentes estudos sobre audiências e impacto comercial”.
Segundo os números da Infoadex, até Setembro os jornais impressos tinham facturado 418 milhões de euros em publicidade, o que significa menos 6,2% do que nos nove primeiros meses de 2015. “O mais notável neste ano foi a queda da Imprensa regional, que até agora tinha contornado a crise com relativa estabilidade. Os anunciantes abandonaram a Imprensa e os especialistas avisam que esta tendência vai provavelmente continuar em 2017, do que resulta um desafio quase impossível para a maioria dos títulos alcançarem um ponto de equilíbrio nas suas contas”.
Este balanço é exposto pelo jornalista Miguel Ormaetxea num artigo publicado em Media-tics, que contém os links para as várias fontes citadas.
A jornalista portuguesa Catarina Canelas recebeu o Prémio Rei de Espanha na Categoria de Ambiente, graças à reportagem "Plástico: o Novo Continente".
Atribuída por unanimidade do júri, a distinção sublinha as “imagens impactantes que reflectem um enorme problema global e a invasão dos plásticos nos mares”.
Graças a estes elementos visuais, a reportagem conseguiu destacar-se entre as 155 candidaturas submetidas por mais de duas dezenas de países ibero-americanos.
Composta por sete episódios e exibida, pela TVI, em Agosto do último ano, a série documental foi realizada em conjunto com João Franco, Nélson Costa e Teresa Almeida, resultando num trabalho que, “documenta de forma extensa, (..) os perigos que pressupõem a presença do plástico no oceano”.
Esta reportagem contou, ainda, com a “opinião de especialistas, investigadores, cientistas, organizações conservacionistas e ecologistas que trabalham também na luta contra o plástico”.
A jornalista afirmou, entretanto, através das redes sociais que,“este reconhecimento de uma distinção tão importante a nível internacional é uma honra e um orgulho imenso”.
A série de reportagens está disponível no TVI Player.
Nos últimos anos, temos assistido à alteração dos modelos de negócio dos “media”, já que os consumidores de notícias têm demonstrado um crescente interesse pela leitura de jornais digitais, em detrimento do formato em papel.
Com isto, um pouco por todo o mundo, os editores de jornais começaram a reformular a sua estratégia financeira, focando-se na criação de modelos de subscrição. Desta forma, algumas publicações têm conseguido registar um crescimento nas suas receitas, mesmo com a diminuição do investimento publicitário.
Contudo, nem todos os jornais são bem sucedidos nesta transição digital, já que a maioria dos cidadãos ainda se mostra relutante em pagar pelo acesso à informação.
Perante este cenário, o jornalista Eduardo Suárez listou algumas ferramentas essenciais para que um negócio de “media” seja bem-sucedido na era digital, e compilou as dicas num artigo publicado nos “Cuadernos de Periodistas”, editados pela APM, associação com a qual o CPI mantém um acordo de parceria.
Neste sentido, Suárez começa por explicar os factores que impulsionaram a crescente adesão a este tipo de modelo de negócio.
Em primeiro lugar -- recordou o autor -- o acesso à internet é cada vez mais amplo.
Em segundo lugar, as novas gerações valorizam o acesso a plataformas de serviços, deixando de lado os formatos físicos. Ou seja, os jovens preferem, por exemplo, ter uma conta na Netflix a uma colecção de DVDs.
Em terceiro lugar, as “paywalls” permitem avaliar o comportamento de consumo dos leitores, o que ajuda os jornais a adaptarem-se às necessidades e interesses do público em geral.
Posto isto, Suárez argumenta que, de forma a adaptarem-se a este modelo, os jornais devem começar por redefinir a sua estratégia e processos internos.
Ao completar 40 anos de actividade ininterrupta o CPI – Clube Português de Imprensa tem um histórico de que se orgulha. Foi a 17 de dezembro de 1980 que um grupo de entusiastas quis dar forma a um projecto inédito no associativismo do sector.
Não foi fácil pô-lo de pé, e muito menos foi cómodo mantê-lo até aos nossos dias, não obstante a cultura adversarial que prevalece neste País, sempre que surge algo de novo que escapa às modas em voga ou ao politicamente correcto.
O Clube cresceu, foi considerado de interesse público; inovou ao instituir os Prémios de Jornalismo, atribuídos durante mais de duas décadas; promoveu vários ciclos de jantares-debate, pelos quais passaram algumas das figuras gradas da vida nacional; editou a revista Cadernos de Imprensa; teve programas de debate, em formatos originais, na RTP; desenvolveu parcerias com o CNC- Centro Nacional de Cultura, Grémio Literário, e Lusa, além de outras, com associações congéneres estrangeiras prestigiadas, como a APM – Asociacion de la Prensa de Madrid e Observatório de Imprensa do Brasil.
A convite do CNC, o Clube juntou-se, ainda, à Europa Nostra para lançar, conjuntamente, o Prémio Europeu Helena Vaz da Silva para a Divulgação do Património Cultural, instituído pela primeira vez em 2013, em, homenagem à jornalista, que respirava Cultura, cabendo-lhe o mérito de relançar o Centro e dinamizá-lo com uma energia criativa bem testemunhada por quem a acompanhou de perto.
Mais recentemente, o Clube lançou os Prémios de Jornalismo da Lusofonia, em parceria com o jornal A Tribuna de Macau e a Fundação Jorge Álvares, procurando preencher um vazio que há muito era notado.
Uma efeméride “redonda” como esta que celebramos é sempre pretexto para um balanço. A persistência teve as suas recompensas, embora, hoje, os jornalistas estejam mais preocupados com a sua subsistência num mercado de trabalho precário, do que em participarem activamente no associativismo do sector.
Sabemos que esta realidade não afecta apenas o CPI, mas a generalidade das associações, no quadro específico em que nos inserimos. Seriam razões suficientes para nos sentarmos todos à mesa, reunindo esforços para preparar o futuro.
Com este aniversário do CPI fica feito o convite.
A Direcção